Trayce Melo
A maré alta registrada nos últimos dias tem provocado alagamentos em Belém. A situação é agravada, em geral, pelo fato dos horários de pico da maré coincidirem com o período chuvoso na região. Os níveis chegam a ultrapassar a marca de 3,7 metros, conforme prevê a tábua de marés da Marinha e divulgada pela Defesa Civil de Belém. Entre as áreas afetadas, está o complexo do Ver-o-Peso. A região da pedra do peixe transbordou em dois dias com a cheia da baía do Guajará. As ruas próximas também ficaram alagadas, como a Boulevard Castilhos França, 15 de Novembro e a rua João Alfredo com a avenida Portugal.
O comerciante Moisés Menezes, que tem uma loja de calçados, bolsas e EPI’S na avenida Portugal, teve a loja alagada por conta da maré alta. “A segunda-feira (11) foi um pesadelo. A gente levantou tudo aqui na loja e mesmo assim aconteceram imprevistos. A nossa loja é um pouco mais alta, tem essa subida, mas a água ainda subiu dois palmos”, disse.
“Quando a maré cresce demora em torno de duas horas para começar a baixar. Depois disso vamos ver os estragos. O problema da maré alta é que a gente nunca sabe o que nos espera. Tem um horário que é previsto para encher, mas esse horário é o ápice da maré alta. Antes disso, a água já vem rodeando e entrando na loja. Com isso, ficamos muito prejudicados, ficamos impossibilitados de trabalhar e acabamos tendo perdas de produto ”, descreve.
Já o peixeiro Armando Rodrigues diz que com os alagamentos no mercado as vendas ficam comprometidas. “Alaga tudo em volta do mercado, ficamos ilhados aqui. Acabamos perdendo muita venda com isso, sem ter o que fazer. Como a gente já está acostumado com esse período, eu tento deixar todo o meu material guardado nos freezers para evitar perdas”, comentou.
O capitão-tenente Arthur Souza dos Santos, ajudante do departamento de operações hidroceanograficas do Centro de Hidrografia e Navegação do Norte, pontua que o fenômeno da maré ocorre constantemente todos os dias.
“Todos os dias a gente tem duas preamar e duas baixa mar por dia. No caso do mês de março, a Marinha emite um aviso de cautela, porque diversos fatores ambientais corroboram para o aumento dessa maré, que é a forte chuva, a influência do aumento do nível do rio, tem um fenômeno chamado equinócio, que é a passagem do sol pelo plano do Equador. Nesse caso, todos esses fatores colaboram para que sejam as maiores marés do ano no mês de março”, pontua.
Arthur Souza dos Santos explica que, no caso do Ver-o-Peso, por ser uma área próxima ao rio, quando há um aumento de maré pode ocasionar alagamento no ambiente. “Existem dois tipos de marés, que são as marés de sizígia, que são as que ocorrem na lua nova e na lua cheia; e as marés de quadratura. A gente está em maré de sizígia e a gente está saindo de uma lua cheia que foi no dia 10 de março. Devido a isso a gente está com as maiores marés do mês. A partir do dia 13 de março a maré vai estar diminuindo. Só voltam a aumentar no dia 24 e 25 de março”, acrescenta.
A principal orientação, segundo o capitão-tenente, é que os donos de embarcações procurem as informações da tábua de maré, que são informações disponibilizadas no site da Marinha. “Então a tábua de maré é um produto náutico em que a gente fornece todas as alturas do ano, todos os dias e os horários. É importante ter cautela nos horários de pico da maré, tanto o navegador quanto as pessoas que estão transitando”.