Grande Belém

Belém amanhece coberta de fumaça por incêndio no Aurá. VEJA FOTOS

Diego Monteiro

Vários locais da região metropolitana de Belém amanheceram cobertos por uma fumaça, que já vinha ocorrendo desde o último final de semana, mas agora veio com mais intensidade nesta segunda-feira (2), acompanhada de um mau cheiro. Isso por que o Aterro do Aurá estaria desde o sábado com vários focos de incêndio.

A equipe do DIÁRIO esteve na tarde de ontem no aterro, área que pertence ao município de Belém, e observou que ainda existem muitos focos de incêndio naquela região. De acordo com a população que vive no entorno, as chamas surgiram no último sábado (30), e desde então têm causado problemas devido à densa fumaça resultante da queimada.

As atividades na escola municipal localizada em Santana do Aurá, onde estudam 160 alunos, de 5 a 12 anos, precisaram ser canceladas ontem. Como os focos de incêndio ainda não foram debelados, alguns moradores optaram por sair de suas residências e buscar abrigo com parentes. No entanto, muitos não tiveram a mesma sorte e precisam lidar com os transtornos no local.

No em que a equipe de reportagem esteve no local, foi difícil até mesmo conversar com os moradores devido à irritação nos olhos e à dificuldade para respirar. “Infelizmente, não temos para onde ir, pois moramos aqui. Hoje [segunda-feira] eu e minha neta acordamos tossindo bastante”, relatou a aposentada Antônia da Silva.

Com 73 anos, Antônia afirmou que esta não é a primeira vez que a região pega fogo, e o ambiente dificulta a contenção das chamas. “Eu acompanhei o trabalho dos Bombeiros nesses dias, mas o problema persiste. Pelo fato de que as chamas acontecem em cima de um lixão que ainda gera gases inflamáveis, as chamas podem até apagar na superfície, mas elas surgem novamente com o vento”, disse.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informou que as principais causas que podem ter desencadeado o fogo no Lixão do Aurá estão ligadas à alta temperatura, os gases e mudanças climáticas. O comunicado afirma ainda que vários fatores podem dar início aos focos, como descargas atmosféricas, descarte de pontas de cigarro acesas, calor extremo, entre outros.

SAÚDE

Vera Lúcia, catadora de 54 anos, revelou que é impossível permanecer dentro de casa nessa situação. “A casa tem ficado coberta de fuligem, que acabamos inalando também. Há alguns anos, tive um princípio de pneumonia, então imagine como está sendo para mim”, lamentou.

A Associação Civil Pará Solidário intensificou as operações no lixão e nas áreas circundantes desde que os incêndios começaram. Os voluntários informaram ainda que mais de 200 famílias estão sem trabalhar e estão expostas à fumaça proveniente do lixo e de substâncias tóxicas. Cerca de duas mil pessoas que residem na comunidade próxima estão sendo diretamente afetadas pelo incêndio.

Um desses trabalhadores é o catador de materiais recicláveis Antônio dos Santos, 42, que teve que interromper a atividade devido às fortes dores no peito. “Não tem como, ou melhor, é impossível trabalhar nesse ambiente. Infelizmente, temos que parar de ganhar dinheiro para não prejudicar ainda mais nossa saúde. Conheço pessoas que precisaram de assistência médica devido à falta de ar”, explicou.

Uma grande quantidade de fumaça tomou os céus de Belém, que amanheceu esbranquiçado e o cheiro de queimado foi uma das principais queixas. Nas redes sociais os internautas procuravam explicações: “Alguém sabe explicar o que está acontecendo?”, questionou uma internauta residente no bairro do Umarizal.

Por fim, a nota divulgada pela Secretaria Municipal de Saneamento concluiu que “o aterro do Aurá atualmente recebe apenas resíduos inertes, que são materiais oriundos da limpeza urbana, exceto lixo domiciliar”. O local foi desativado em 2015. Em relação aos focos de incêndio, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará informou que equipes se revezam na área avaliando a necessidade de intervenção no local.

COMO AJUDAR

l Os voluntários da Associação Civil Pará Solidário estão arrecadando água mineral, alimentos e máscaras para as famílias afetadas pelo incêndio. A entidade também iniciará campanhas de assistência médica voluntária para idosos e crianças. Para realizar uma doação, os interessados podem entrar em contato pelo número (91) 99170-2926, que também é WhatsApp.

Já para ajudar as famílias com qualquer quantia, basta transferir para a chave PIX/CNPJ: 42.188.138/0001-06. Se preferir, a transferência pode ser feita em nome da Associação Civil Pará Solidário, para o Banco do Brasil, por meio da agência 3372-3, Conta Corrente 79160-1.

Foto: Ricardo Amanajás
Foto: Ricardo Amanajás
Foto: Ricardo Amanajás
Antônia Silva Foto: Wagner Almeida
Foto: Wagner Almeida
Antônio Alves dos Santos Foto: Wagner Almeida