Diego Monteiro
Não é de hoje que o DIÁRIO tem acompanhado práticas proibidas no trânsito na avenida João Paulo II, em Belém, como, por exemplo, motoqueiros sem capacete, motoristas sem cinto de segurança, conversões não permitidas e veículos na contramão. A equipe de reportagem retornou ao local e flagrou mais atos imprudentes, colocando em risco a segurança e a vida da população.
Conforme relato do autônomo Francisco Sousa, 69 anos, que utiliza regularmente a via para deslocar-se de bicicleta, a realização de retornos proibidos sobre o meio-fio por motociclistas, no trecho próximo à rua Pedreirinha, é uma prática comum e arriscada. Inclusive, durante a presença da equipe de reportagem, diversos motoqueiros quase se envolveram em acidentes neste ponto específico.
“As pessoas não estão dispostas a percorrer mais adiante para realizar um retorno seguro na BR-316, que não está longe de onde estamos. Presenciei acidentes que, na minha avaliação, poderiam ter sido evitados. Além disso, o local onde os motociclistas se arriscam é um ponto cego, uma vez que se encontra em uma curva, tornando difícil visualizar quem está vindo na pista”, detalha o autônomo.
O morador da área também destaca a falta de fiscalização eletrônica nesse trecho, argumentando que o excesso de velocidade é uma realidade preocupante. “É um sistema que atuará em prol da proteção à vida, não apenas de outros condutores, mas também de quem mora às margens da João Paulo II. Além disso, a presença de agentes de trânsito por aqui é quase que escassa”, acrescenta Francisco.
Risco
Por ser uma via que interliga diversos bairros, desde a rodovia BR-316, em Ananindeua, até o bairro de São Brás, em Belém, é natural que, em determinados horários, o tráfego seja intenso, resultando em congestionamentos. Este cenário é agravado por outros fatores de risco, como o uso indevido da faixa destinada a ciclistas ou até mesmo a utilização de calçadas.
João Farias, 33 anos, que utiliza a bicicleta diariamente para ir ao trabalho no centro da cidade, descreve os desafios diários. “É preciso andar torcendo para que nada ocorra, além de ter muita paciência, pois, quando o trânsito está complicado, motoqueiros e motoristas invadem nosso espaço e ainda ficam irritados se não cedemos passagem. Um verdadeiro absurdo”.
O autônomo revela ter sido xingado e ameaçado várias vezes. “É como a expressão ‘poste mijando no cachorro’, pois estou no local correto, mas ainda assim alguns se sentem no direito de reclamar por eu estar à frente deles “, completa João. Na altura da travessa Humaitá com a João Paulo II, no bairro do Marco, conversões proibidas também são frequentes. Roberto Conceição, 49, acredita que apenas aplicar multas não resolve o problema. “Pode parecer drástico, mas ações mais incisivas, incluindo, se necessário, a apreensão do veículo, são mais eficazes”, afirma o professor.
Fiscalizações
Por meio de nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que as fiscalizações na avenida João Paulo II são realizadas por meio de “pontos fixos e em rondas com agentes em viaturas e motocicletas para coibir imprudências e infrações”, no trecho que compreende a avenida Ceará e passagem Mariano. A autarquia informou que também promove ações educativas.