Grande Belém

AVENIDA DO CAOS: Imprudência 'estrangula' o trânsito na Duque

Confira alguns hábitos tipificados como infração pelo CTB. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Confira alguns hábitos tipificados como infração pelo CTB. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Pryscila Soares

Até janeiro deste ano, Belém possuía uma frota de 245.791 carros e 148.004 motocicletas, um total de quase 400 mil veículos que circulam pela cidade. Os dados são do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Os efeitos dessa elevada quantidade de veículos são facilmente observados no dia a dia do trânsito da capital. E o principal deles é, sem dúvida, os congestionamentos que ocorrem sobretudo em horários de pico.

Uma das vias afetadas por esse problema é Duque de Caxias, que corta os bairros do Marco, Pedreira e uma parte de Fátima. Além de ser um dos principais corredores de tráfego, é uma rota que facilita o fluxo de ida e volta do centro da cidade.

A avenida é estruturada com mão dupla, três pistas de cada lado, asfalto em bom estado e ciclovia no canteiro central. É sinalizada com semáforos, placas e sinalização horizontal. Além de contar com bolsões preferenciais de espera para motociclistas, radares de velocidade em alguns cruzamentos, recuos para estacionamento e áreas destinadas para retornos. O limite de velocidade é 60 km/h.

Apesar da estrutura satisfatória, algumas práticas inadequadas de motoristas prejudicam a fluidez no trânsito. Nas placas, o aviso é claro: o condutor que trafega pela via é proibido de utilizar os cruzamentos, ao longo da avenida, para fazer retornos ou para seguir pelas transversais. Para isso, existem alguns retornos na pista. Mas, a norma não é respeitada. E o resultado é lentidão no trânsito e a obstrução da faixa lateral, no entorno dos canteiros, o que de forma recorrente provoca buzinaço e impaciência dos motoristas.

ROTINA

Os congestionamentos se formam à medida em que os condutores se aproximam dos sinais de trânsito. Por ser uma área comercial com diversos tipos de comércios, outra prática bastante comum e que prejudica igualmente o fluxo é a parada nas faixas laterais desses estabelecimentos. Quem reside na área já está acostumado com a situação. É o caso do técnico em refrigeração Edivan Silva, 55.

Os congestionamentos se formam à medida em que os condutores se aproximam dos sinais de trânsito. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Para o morador, um dos motivos que levam os condutores a fazer conversões proibidas nos cruzamentos é em razão das longas distâncias entre os retornos.

“Antigamente, a Duque não era assim. Os retornos eram bem mais perto. Em todo canto se fazia um retorno. Depois da reforma, os retornos ficaram distantes um dos outros. Pelo costume, as pessoas continuam fazendo isso mesmo sendo ilegal. É erro do condutor. O congestionamento em Belém está caótico, não é só na Duque. Mas existe sim uma maneira de congestionar mais devido esses retornos não serem próximos. Seria melhor se tivesse mais fiscalização no trânsito”, afirmou.

O DIÁRIO esteve ontem de manhã na via e não observou a presença de agentes de trânsito e de ônibus.

Além dos congestionamentos, as conversões proibidas também geram riscos de acidentes, na opinião do administrador Lucas Lima, 28, que utiliza frequentemente a rota.

“Como motociclista, já enfrentei situações arriscadas como ter um carro na minha frente, que fez uma conversão proibida e quase provocou um acidente, porque a gente freia e o carro de trás freia também. Deveria ter um melhor planejamento de trânsito com rotatórias, sinais de três tempos e fiscalização, principalmente. A nova Duque, depois da última reforma, teve esse crescimento na economia e abriram várias lojas e comércios. Isso gera a necessidade de replanejamento do tráfego, porque as pessoas precisam parar rápido para deixar alguém ou para pegar alguma coisa”, pontuou.

A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que “mantém fiscalização regular na Duque, com agentes de trânsito, através de rondas com viaturas e motocicletas, para coibir o estacionamento em passeio (calçadas), além da prática do retorno irregular nos cruzamentos e, em caso de flagrante, ocorre a autuação do veículo”.

O órgão ressalta que, pela legislação vigente, Código de Trânsito Brasileiro (CTB), “o agente só pode autuar mediante flagrante e não pode aplicar multas com base em fotos e vídeos feitos por usuários. Daí a importância de denunciar à Semob. As autuações por vídeos só podem ser feitas por equipamentos regulamentados pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), como radar e câmeras de videomonitoramento”.