Alexandre Nascimento
Os atos antidemocráticos dos golpistas que ocupam a avenida Almirante Barroso, em frente ao 2º Batalhão de Infantaria de Selva (2º BIS) do Exército, em Belém, que já duram mais de uma semana por parte de inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em eleições limpas, não têm violado apenas o direito de ir e vir dos veículos, ciclistas e pedestres.
Agora, a desordem e desrespeito têm sido destinados aos alunos de escolas que ficam próximas ao local, uma vez que eles têm sido hostilizados e coagidos pelos bolsonaristas.
Um vídeo que circulou nas redes sociais nesta segunda-feira, 7, mostram alunos da escola estadual Pedro Amazonas Pedroso, que fica em frente ao 2º BIS, sendo atacados por um grupo de bolsonaristas. Os jovens, ao trafegarem pela passarela rumo ao colégio, foram cercados pelos golpistas que aos gritos e palavrões diziam: “Vocês estão querendo avacalhar com o nosso movimento? Respeita, rapaz! Nós somos patriotas! Vocês não vão avacalhar aqui, não”.
A situação desmente a afirmação dos golpistas de que o ato deles seria democrático e pacífico, uma vez que o vídeo exibe cenas de abuso, assédio e violência verbal contra jovens que estavam indo para a escola porque eles expressaram opinião contrária ao manifesto.
“Um dos alunos teria dito que esse ato não era democrático, que as eleições tinham sido legais. Então, esses manifestantes teriam escutado e foram para cima deles com gritos, que acho que não agrediram fisicamente porque estavam sendo filmados”, declarou um aluno de 18 anos do Pedroso na noite desta segunda-feira, horas depois do vídeo viralizar. O estudante pediu para não ser identificado por receio de retaliações.
ESTUDANTE REVELA AMEAÇA DE INVASÃO À ESCOLA
Ainda de acordo com os alunos, a intimidação tem sido comum durante todos esses dias de ato golpistas no local. Em alguns casos, eles abordam os alunos e perguntam em quem votaram que, por medo, se sentem obrigados a dizer que optaram nas urnas pelo candidato derrotado Jair Bolsonaro.
“Uma vez fui abordada por eles, então tive que dizer que votei no Bolsonaro. No final, a pessoa que me perguntou me intimidou dizendo que era bom mesmo os alunos apoiarem a manifestação, senão iam invadir a escola”, completou uma estudante de 18 anos, que também não quis se identificar.
Mas, a escola Pedro Amazonas Pedroso tem sido afetada desde o início dos atos golpistas, na última segunda-feira (31), uma vez que as aulas foram suspensas que atrapalharam as aulas de revisões para as provas que começam amanhã (hoje).
“Fomos prejudicados e, mesmo com o retorno das aulas hoje, o barulho da música alta, dos buzinaços, dos gritos tem atrapalhado muito. Imagina como vai ser isso no próximo domingo (13), que vai ter a primeira prova do Enem”, reclamou um adolescente de 17 anos, aluno da escola estadual.
REPERCUSSÃO
O vídeo em que mostra a intimidação por parte de participantes dos atos golpistas contra alunos da escola Pedro Amazonas Pedroso, gerou revolta e pedidos de justiça pela população. A primeira-dama do Estado, Daniela Barbalho, por exemplo, classificou o caso como um ato radical e antidemocrático contra os jovens que quase o impediram de ter o direito fundamental de estudar.
A deputada federal Vivi Reis (Psol) classificou a intimidação dos golpistas como revoltantes e inadmissíveis e afirmou que já acionou os Ministérios Públicos Federal e Estadual para que os envolvidos sejam identificados e responsabilizados.