O deputado Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Alepa, foi um dos debatedores convidados. Ele destacou a atuação das Comissões da Verdade. “No Pará, 300 pessoas foram presas logo após o golpe. O que a sociedade ainda não percebe é que o golpe deixou uma marca profunda na formação política e cultural do nosso povo”, avalia o parlamentar.
Para ele, “o tema precisa mais do que nunca ser debatido. O Brasil recentemente testemunhou novamente a ameaça ao Estado Democrático de Direito com os ataques do dia 8 de janeiro, em Brasília. Isso significa que o Brasil ainda não enfrentou os males do Golpe de 1964, nós ainda vivemos as consequências deste período e debater sobre este momento histórico nesta Casa de Leis é fortalecer a nossa democracia!”.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), que atuou de 2012 a 2014, lançou luz sobre esse período sombrio da história, registrando números que evidenciam a extensão das atrocidades da ditadura militar. “Foram quase três anos de trabalho, em que 377 responsáveis por crimes contra os direitos humanos e a democracia foram apontados, mas que até hoje não responderam por esses crimes; 434 vidas ceifadas e 364 pessoas desaparecidas. Estes desaparecidos representam indivíduos cujo destino ainda é desconhecido, são vítimas da ditadura”, pontuou o deputado Carlos Bordalo.
A professora Edilza Pontes ressaltou a importância de discutir a ditadura militar no Brasil, mesmo nos dias atuais. “Parecia ser um tema esquecido, que não interessava mais porque achávamos que estava sepultado com a Constituição Cidadã de 1988 e estávamos em um período de vivência democrática, mas os eventos históricos que ocorreram desde as grandes passeatas de 2013, um impeachment presidencial e a tentativa de um novo golpe, em janeiro de 2023, mostrou que temos que fazer esse resgate de memória para a nova juventude, que não viveu esse período. Preservar a democracia dá trabalho”, argumenta.
O professor Gilney Viana (UFMT), que foi preso político, também falou sobre o panorama de como as ações do governo militar se refletem até hoje no Brasil e na Amazônia. “Discutir a ditadura é muito mais que oportuno. É necessário. Ignorar os nomes, a história e sofrimento de suas vítimas é inaceitável”, concluiu.
O ciclo Ditadura Nunca Mais começou em março, no Rio de Janeiro, já passou por Salvador (BA) e depois de Belém, e ainda terá edições realizadas em Olinda (PE) e Porto Alegre (RS).