Grande Belém

A arte de criar, cozinhar e alimentar

Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Trayce Melo

No Complexo do Ver-o-Peso se concentram grandes cozinheiros e cozinheiras (também conhecidas como boieiros e boieiras). Aliás, as especialidades desses profissionais são tantas que é difícil nomeá-las e classificá-las. A verdade é que preparar uma boa comida é algo eles fazem muito bem e ainda com um sabor especial: o amor pela gastronomia regional.

E esta sexta-feira é um dia especial para eles, pois neste dia 10 é comemorado o Dia do Cozinheiro, profissão conhecida em todo o mundo, mas que no Brasil só foi regulamentada em 2005 pela Lei 6.049.

Exemplo de cozinheiro de mão cheia é o Edson Rodrigues da Cruz, de 33 anos. Ele, que vem de uma família de muitos talentos na área, atua como boieiro na área mais disputada do complexo, de frente para o rio. Durante a semana, a maioria dos frequentadores é de trabalhadores do comércio e da própria feira. Nos finais de semana, casais, famílias e turistas são o público principal na disputa por um lugar.

Edson Rodrigues da Cruz, 33 anos. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

“Minha mãe trabalhou por muitos anos aqui. Eu nasci e me criei nessa atmosfera, cozinhar é mais do que simplesmente oferecer uma refeição, é um ofício que atravessa gerações servindo afeto”, diz.

Para Edson, a culinária paraense é uma grande inspiração. “A nossa culinária é muito rica, eu sou apaixonado, pois são mais de 15 anos trabalhando aqui. O segredo é criar um diferencial por meio das refeições e saber fidelizar os clientes. Além disso, ser ágil, certificar-se de que o prato está limpo, a comida quente e tudo está ocorrendo bem durante a refeição. É dessa forma que a gente vai criando uma conexão e fidelizando os clientes”, explica.

Ele também conta que entre os pratos mais pedidos, destaque para os peixes, como filhote, dourada e pirarucu, acompanhados de feijão, arroz, macarrão, farofa e vinagrete. “As porções são bem acompanhadas e variam de preço dependendo do peixe. Mas também temos outros pratos, mais gourmet. Como por exemplo, o pirarucu caramelizado com cupuaçu. Alguns clientes gostam de fugir mais do tradicional e pedem um prato diferenciado. Esse é um dos pratos que eu trouxe para cá, de autoria minha”, comenta.

Lucia Torres, 60 anos. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

ORGULHO

Em outro box, Lucia Torres, de 60 anos, faz história e coleciona premiações. Quem passeia pelas mesas vê o nome da boieira grafado com orgulho em banners e aventais. Lucia Torres diz que tudo começou com a venda de churrasquinho. “Vou fazer 30 anos de Ver-o-Peso, agora em outubro, e comecei trabalhando vendendo churrasquinho aqui. Na época não tinha essa parte, só tinha um canteiro grande aqui, eu trabalhava bem no meio do canteiro. Quando teve a reforma eu tive que me reinventar, e aí passei a trabalhar com coisas diferentes, fazer peixe frito, caldeirada, camarão, entre outros pratos”, lembra.

“De lá pra cá, fui me habituando. Eu tô muito feliz que hoje tenho meu espaço, hoje sou conhecida mundialmente pelo meu trabalho, pela minha cozinha, pelo meu jeito de ser. Eu tenho outro espaço também além daqui”, acrescenta.

Lúcia destacou que o segredo do sucesso para qualquer negócio é trabalhar com amor e dedicação. “Tem que ter coragem e disposição, porque não é fácil. A gente trabalha num lugar que é tipo uma universidade. Eu comparo o Ver-o-Peso a uma universidade, porque assim como a gente ensina, a gente aprende”, conta. Entre os pratos mais vendidos no seu box está o camarão empanado. “O meu carro-chefe é meu camarão empanado. É um prato de minha autoria. A massa eu criei, com amor, com carinho, é um prato bem diferenciado”, afirma.