
A trajetória de Ana Paula Veloso Fernandes começou a ser desvendada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro após a morte de Neil Corrêa da Silva, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Presa desde setembro, ela é acusada de ter usado veneno em uma feijoada servida à vítima, crime que, segundo as investigações, pode se conectar a outros três homicídios ocorridos em Guarulhos (SP). Durante as buscas em sua casa, agentes encontraram terbufós, um agrotóxico altamente tóxico. “Ela viajava entre estados com o mesmo padrão de atuação e manipulação”, descreve um dos trechos do relatório policial.
A Justiça de São Paulo aceitou denúncia contra Ana Paula por quatro homicídios qualificados, cometidos entre janeiro e maio de 2025. As vítimas seriam Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Neil Corrêa da Silva e Hayder Mhazres. Segundo o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, que decretou sua prisão preventiva, a liberdade da acusada “representa risco à ordem pública”, já que ela “circulava por várias cidades e criava versões para confundir a polícia”. Em um dos episódios, Ana Paula chegou a forjar mensagens ameaçadoras enviadas a si mesma, numa tentativa de afastar suspeitas.
O Caso Ana Paula: Uma Serial Killer em Série?
Para o Tribunal de Justiça de São Paulo, o caso ultrapassa o limite de um crime isolado. A decisão judicial classifica a ré como uma “verdadeira serial killer”, ressaltando que as mortes ocorreram “por motivo torpe, com uso insidioso de veneno e de forma que dificultou a defesa das vítimas”. Ana Paula ainda confessou ter envenenado dez cães com chumbinho, o que reforça o perfil de frieza e premeditação apontado pelos investigadores. Agora, a mulher permanece presa enquanto aguarda julgamento, um processo que, segundo o Ministério Público, pode se tornar um dos mais emblemáticos do país nos últimos anos.