
A Polícia Federal voltou a se manifestar sobre a morte de Marcello Vitor Carvalho de Araújo, de 24 anos, baleado durante a Operação Eclesiastes, deflagrada na quarta-feira (8) em Belém. A fala ocorreu nesta sexta-feira (10), no Theatro da Paz, durante o Fórum Esfera Internacional, evento que reuniu autoridades nacionais e estaduais às vésperas da COP30.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, negou que tenha havido qualquer falha no cumprimento da ordem judicial. “Importante esclarecer que um mandado de prisão não é contra uma residência, e sim contra uma pessoa, esteja ela onde estiver”, afirmou.
Rodrigues explicou que o alvo da operação era Marcelo Pantoja Rabelo, conhecido como “Marcelo da Sucata”, investigado por tráfico internacional de drogas e homicídios, considerado de altíssima periculosidade.
“Nossa equipe cumpriu o mandado de busca e apreensão na residência dele, mas naquela noite ele não foi para sua casa e sim para a de uma terceira pessoa. Na manhã seguinte, localizamos e cumprimos o mandado onde ele de fato estava”, disse o diretor, afastando qualquer possibilidade de erro de endereço.
O dirigente acrescentou que a ação contou com equipe tática justamente para reduzir riscos. Durante o cumprimento do mandado, no entanto, houve a reação de Marcello Araújo, filho da escrivã da Polícia Civil Ana Suellen Carvalho, que não era alvo da operação.
“Um morador da residência agrediu violentamente um policial, que precisou ser levado ao hospital e submetido a exame de corpo de delito, e tentou tomar a arma de outro agente. A equipe teve de atuar, e infelizmente a situação levou esse cidadão a óbito”, declarou Rodrigues.
Contestação da Família e Investigação
A versão da PF é contestada pela família do jovem, que afirma ter havido violência excessiva e erro de conduta. Segundo a tia da vítima, os agentes entraram no imóvel de forma agressiva e efetuaram disparos contra o rapaz, que era formado em educação física e trabalhava como auxiliar administrativo na Polícia Civil. Marcello era também sobrinho-neto da promotora do MPPA, Ana Maria Magalhães.
O Ministério Público Federal instaurou um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar as circunstâncias da morte. Já foram requisitadas informações à Superintendência da PF no Pará, ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal. A própria Polícia Federal abriu inquérito interno.
“Instauramos investigação, realizamos perícia de local com equipe de Brasília, apreendemos armas, vamos fazer perícia balística e ouvimos todos os envolvidos. Sob o controle do Ministério Público e do Judiciário, vamos esclarecer cabalmente este episódio”, afirmou o diretor-geral.
Operação Eclesiastes e Prisão de Marcelo da Sucata
A Operação Eclesiastes mira uma organização criminosa acusada de movimentar mais de R$ 1 bilhão em esquema de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram cumpridos 19 mandados de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão na Região Metropolitana de Belém. Marcelo da Sucata segue preso.