Mais de 85% de negativados já haviam tido nome sujo nos últimos 12 meses

O endividamento das famílias brasileiras atingiu novo patamar preocupante. Em setembro de 2025: 85,5% das pessoas negativadas já haviam aparecido nas listas de inadimplência nos 12 meses anteriores, de acordo com o Indicador de Reincidência de Pessoas Físicas divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC Brasil. O dado confirma a tendência de reincidência recorde, mostrando que o problema do crédito negativo se tornou crônico no país.

Dentro desse grupo de reincidentes, 63,3% ainda não haviam quitado dívidas antigas e voltaram a ser negativados. Outros 22,1% tinham conseguido limpar o nome, mas retornaram ao cadastro de inadimplentes em menos de um ano. Apenas 14,5% dos negativados em setembro enfrentaram restrição no CPF pela primeira vez no período.

O estudo mostra que, entre o vencimento de uma dívida e o surgimento de uma nova pendência, decorrem em média 73,9 dias — pouco mais de dois meses e meio —, o que revela um ciclo contínuo de endividamento e dificuldade de recuperação financeira.

Alta na reincidência e queda na recuperação

Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, o número de devedores reincidentes cresceu 7,86% em comparação com o período anterior. Em contrapartida, o Indicador de Recuperação de Crédito — que mede quantos consumidores conseguiram quitar suas dívidas e sair dos cadastros de inadimplência — apresentou uma queda de 9,68%, o pior resultado do ano.

A retração foi ainda mais intensa entre consumidores que levaram de quatro a cinco anos para pagar suas pendências, com redução de 22,8% nessa faixa.

“A negativação, na maioria das vezes, não é um evento isolado, mas parte de um ciclo recorrente de endividamento. A recuperação é lenta e concentrada em valores baixos, o que reforça a dificuldade de reversão desse quadro no curto prazo”, explica José César da Costa, presidente da CNDL.

Quem são os devedores reincidentes

A faixa etária de 30 a 39 anos concentra a maior parte dos devedores reincidentes (25,8%), mantendo o mesmo perfil de meses anteriores. A inadimplência continua com leve predominância feminina: 54,4% mulheres e 45,6% homens.

Já entre os consumidores que conseguiram quitar dívidas, a faixa de 50 a 64 anos representa 23,3% do total, indicando que o público mais maduro tem conseguido reorganizar suas finanças com maior frequência.

Editado por Débora Costa