A Vale comunicou na segunda-feira (26) a eleição de seu vice-presidente financeiro, Gustavo Pimenta, para o cargo de presidente da companhia, encerrando um processo marcado por pressão política do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentava emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na função.
O nome de Pimenta entrou na disputa pela indicação ao cargo porque o processo de sucessão previa a possibilidade de alguém da casa ser indicado. Ele disputou esse papel com o vice-presidente de Soluções de Minério de Ferro, Marcelo Spinelli.
Em seu perfil profissional na rede LinkedIn, ele se descreve como alguém dedicado integralmente ao “desenvolvimento de planos estratégicos empresariais que transformaram modelos de negócios e chegaram a receitas orgânicas de longo prazo, melhores margens e menores riscos corporativos.”
Gustavo Pimenta é formado em economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e tem mestrado em finanças e economia pela Fundação Getúlio Vargas. Segundo a Vale, ele tem 20 anos de experiência global nos setores financeiros, de energia e de mineração.
Ele chegou à Vale em novembro de 2021. Antes havia trabalhado na empresa de energia AES e no Citigroup.
Na AES, Pimenta ocupou, a partir de 2009, diversos cargos executivos no Brasil, nos Estados Unidos e em países da América Central e do Caribe.
Antes de retornar ao Brasil, em 2021, o executivo havia comandado o setor financeiro da AES Corporation nos Estados Unidos, onde, segundo relata em seu LinkedIn, era responsável por estratégia e lidava diretamente com o conselho e os comitês da companhia.
De 2015 a 2018, ele foi o diretor financeiro da AES México, América Central e Caribe, área que engloba Panamá, República Dominicana, Porto Rico e El Salvador.
No Citi, em Nova Iorque, Pimenta foi vice-presidente de estratégia e de fusões e aquisições, onde liderou transações bilionárias, segundo descreveu em seu perfil profissional.
No comando da Vale, ele terá como desafio imediato fechar o acordo de reparação das vítimas da tragédia de Mariana (MG), alvo de atritos com o governo. E assume a companhia em um momento desafiador para o mercado de minério de ferro, que perdeu um terço do valor no ano.
Para o médio prazo, a empresa quer ampliar suas operações de metais básicos, com foco na mineração de matérias-primas voltadas para a transição energética, como cobre e níquel.
Gustavo Pimenta substituirá Eduardo Bartolomeo na presidência da mineradora. Segundo a Vale, o processo de transição seguirá o cronograma definido em maio. Portanto, a formalização do contrato do novo presidente será feita até o dia 3 de dezembro, e a posse, no dia 1º de janeiro de 2025.
O mandato de Bartolomeo venceria em maio, mas foi estendido em março para que a companhia chegasse a um consenso sobre o novo nome. A princípio, ele fica na mineradora até dezembro, para auxiliar na transição. O executivo tentou se reeleger, mas não tinha apoio de conselheiros alinhados ao governo.
A Vale é hoje uma empresa sem controlador definido, mas ainda com influência de seus antigos controladores: Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Bradesco e a japonesa Mitsui.
A Previ tem dois representantes no conselho de administração; Bradesco e Mitsui, um cada. A Cosan, que adquiriu recentemente participação relevante na empresa, tem outro. Os restantes são indicados por acionistas minoritários, em geral fundos de investimento estrangeiros.
Durante todo o processo de sucessão, a Vale foi alvo de ataques do governo e aliados. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a dizer que a companhia estava “acéfala” e ameaçou com sanções caso resistisse a fechar acordo de Mariana (MG).