COMBATE AO CRIME

Pena maior para homicídio cometido por organização criminosa avança no Senado

Proposta que aumenta punição para assassinatos praticados por membros de facções, milícias ou grupos de extermínio segue para análise na CCJ

. O projeto original previa uma punição de até 50 anos de prisão para homicídios cometidos por integrantes de organizações criminosas.
Imagem/Ilustração

O Senado Federal deu um importante passo no combate ao crime organizado ao aprovar, nesta terça-feira (18), o Projeto de Lei 1.001/2024, que prevê pena maior para homicídios cometidos por membros de organizações criminosas, milícias privadas ou grupos de extermínio. A proposta, de autoria do senador Marcos do Val (Podemos-ES), foi aprovada na Comissão de Segurança Pública (CSP) e segue agora para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Atualmente, o Código Penal brasileiro estabelece a pena máxima de 30 anos de reclusão para crimes hediondos, como o estupro seguido de morte. O projeto original previa uma punição de até 50 anos de prisão para homicídios cometidos por integrantes de organizações criminosas. No entanto, a relatora da matéria, senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), acolheu uma emenda que equipara a pena à do feminicídio, variando entre 20 e 40 anos de reclusão.

Durante a discussão, Margareth Buzetti destacou a importância da medida:
— Existe uma máxima no Brasil de que aumentar a pena não resolve. Não resolve para quem? Quando falamos em prender um matador ligado a uma facção, a prioridade não é saber se ele vai se ressocializar: queremos um pistoleiro a menos nas ruas. Isso não é punitivismo, é responsabilidade.

A proposta define como homicídio qualificado o assassinato cometido por membros de organizações criminosas, independentemente do motivo ou pretexto, desde que o crime seja praticado em benefício do grupo.

Reforma do Código Penal

A votação do projeto reacendeu o debate sobre a necessidade de uma reforma no Código Penal, que data de 1940. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) criticou as penas brandas para crimes como corrupção ativa, peculato e corrupção passiva, afirmando que a impunidade contribui para a violência no país:
— Para quê? Para justamente beneficiar aquelas pessoas que mais matam a população brasileira. A corrupção mata.

Já o senador Marcos Rogério (PL-RO) cobrou uma revisão no Código de Processo Penal e destacou a urgência de medidas mais assertivas contra o crime organizado:
— No Brasil, o crime organizado é absolutamente estruturado, com ações sistêmicas, enquanto o poder público está desorganizado nos planos federal, estadual e municipal. O crime organizado sai na frente, e o Estado fica alheio.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também defendeu a tramitação da proposta, apontando a necessidade de modernizar a legislação penal:
— O Brasil está esperando essa resposta. O Código Penal brasileiro precisa ser reformado: ele é de 1940.

O presidente da CSP, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), afirmou que não irá paralisar projetos na comissão à espera da reforma do Código Penal:
— Não vou fazer isso durante a minha presidência. Vou colocar todos os projetos para andar e, lá na frente, se houver a reforma, atualizamos o que for necessário.

Próximos passos

Após a análise na CCJ, o projeto seguirá para a Câmara dos Deputados. Se aprovado, a nova legislação representará um avanço significativo no combate à impunidade e à violência promovida por organizações criminosas.

Fonte: Agência Senado