DECISÃO

Bolsonaro e aliados viram réus por tentativa de golpe de Estado, decide STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados réus por tentativa de golpe de Estado em 2022. Os cinco ministros aceitaram a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), permitindo a abertura de uma ação penal contra os acusados.

Quem são os réus

A decisão atinge Bolsonaro e outros sete ex-integrantes do governo, apontados como parte do “núcleo crucial” da tentativa de ruptura democrática:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier – ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno – ex-ministro do GSI;
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens da Presidência;
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
  • Braga Netto – ex-ministro da Casa Civil.

Segundo a PGR, o grupo teria organizado e executado a tentativa de golpe, utilizando informações falsas sobre o sistema eleitoral para deslegitimar o processo democrático e incentivar a permanência de Bolsonaro no poder.

Os votos dos ministros

Alexandre de Moraes (relator)

Moraes destacou que:

  • Havia uma estrutura organizada com divisão de tarefas e hierarquia;
  • Bolsonaro liderou o movimento ao disseminar mentiras sobre o sistema eleitoral;
  • A tentativa de golpe foi articulada até janeiro de 2023;
  • Mesmo após a derrota, o ex-presidente tentou influenciar os militares a manter seus apoiadores mobilizados.

Flávio Dino

O ministro afirmou que:

  • A materialidade dos crimes é evidente;
  • A tentativa de golpe envolveu violência e poderia ter causado grandes danos;
  • O acervo probatório é robusto e justifica a abertura do processo penal.

Luiz Fux

Fux reforçou a gravidade do caso e destacou:

  • A necessidade de se preservar a democracia;
  • A importância de um julgamento aprofundado para definir a extensão dos crimes;
  • Que a análise do caso deveria ter sido feita pelo plenário do STF.

Cármen Lúcia

A ministra classificou o golpe como um processo estruturado ao longo do tempo e disse que:

  • A tentativa não pode ser minimizada;
  • A democracia sofreu um ataque planejado;
  • A Justiça Eleitoral é confiável e segura;
  • “Ditadura mata. Vive da morte, não apenas da democracia, mas de seres humanos.”

O que acontece agora?

Com a aceitação da denúncia, Bolsonaro e os demais passarão a responder a um processo penal. Durante essa fase, serão coletadas provas e ouvidas testemunhas. Caso condenados, os réus poderão enfrentar penas de prisão.

A PGR acusa o grupo de:

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Organização criminosa;
  • Dano qualificado ao patrimônio da União;
  • Deterioração de patrimônio tombado.

As defesas dos acusados alegam que não houve participação ativa dos denunciados e questionam o acesso às provas. O julgamento prossegue com a análise dos votos restantes e a formalização do processo penal.