Bolsonaro enfrenta contagem regressiva para prisão após condenação pelo STF

O cenário jurídico do ex-presidente Jair Bolsonaro sofre um salto decisivo. Após a publicação do acórdão da ação penal que o condenou a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada e dano qualificado, abriu-se oficialmente um compasso de espera que pode levá-lo ao início do cumprimento da pena.

Os próximos passos e prazos legais

A partir da publicação do acórdão da condenação na Primeira Turma do STF, as defesas têm até cinco dias corridos — contado a partir da intimação — para apresentar embargos de declaração, recurso destinado a apontar omissões, contradições ou trechos obscuros no julgamento. Esse instrumento raramente altera o resultado, mas retarda a eventual execução penal.

Em seguida, o processo será devolvido para o relator — Alexandre de Moraes — que poderá encaminhá-lo à Procuradoria-Geral da República (PGR) para parecer e, depois, à Primeira Turma do STF para definir a data do julgamento dos embargos. Se forem rejeitados, o juiz relator poderá determinar o início imediato do cumprimento da pena.

Especialistas avaliam que o STF pretende encerrar todos os recursos ainda em 2026, a fim de evitar repercussão política no ano eleitoral de 2026.

Possibilidade e prazos da prisão

Embora ainda em prisão domiciliar, Bolsonaro poderá ter prisão iniciada após o esgotamento dos recursos internos na Corte. A previsão é que, uma vez rejeitados os embargos, a execução penal seja autorizada ainda este ano. A comunicação oficial do STF será o sinal verde para isso.

Recursos adicionais e liminares

Além dos embargos, há possibilidade de apresentação de embargos infringentes, recurso que requer divergência mínima de votos para subir ao plenário do STF. No entanto, como houve unanimidade (exceto o voto de Luiz Fux) e o julgamento foi em turma, a viabilidade é considerada remota.

Impacto político e decisões do STF

A condenação de Bolsonaro marca um corte dramático no panorama político brasileiro: o ex-chefe do Executivo, agora com pena superior a duas décadas, enfrentará redução de direitos políticos, inelegibilidade e a perda automática de foro privilegiado. O processo coloca em movimento o calendário político para 2026, já que a condenação pode eliminar pré-candidatos ou reconfigurar alianças.

Contexto e grandeza da decisão

A decisão do STF é considerada histórica: além da pena severa para um ex-presidente, ela reafirma a ação da Justiça brasileira na defesa do Estado Democrático de Direito. Os fatos investigados remontam ao pós-eleição de 2022, quando Bolsonaro e aliados foram considerados agentes de uma trama para reverter os resultados eleitorais mediante força institucional e mobilização de massa.

Editado por Débora Costa