O PSC obteve o empate, mas podia ter conseguido a vitória. Foi superior no 2º tempo, teve um jogador a mais por 25 minutos e condições para sair de Ponta Grossa (PR) com os três pontos. Faltou ousadia para explorar as circunstâncias favoráveis. Ao invés de lançar Esli García para infernizar a defesa paranaense, a opção foi por Joel, praticamente um zagueiro.
Não se pode desconsiderar a importância do ponto conquistado, que permitiu recuperar o 14º lugar, mas com o cenário amplamente favorável nos minutos finais cabia utilizar um ataque mais incisivo e habilidoso.
A etapa inicial foi de maior presença do Operário, que desfrutou de três boas chances, com Vinícius Diniz, Maxuel e Ronald. O time paranaense fazia uma boa aproximação, mas falhava nas finalizações.
Mais objetivo, o PSC chegou ao gol logo na primeira subida ao ataque. Paulinho Boia cruzou da direita e Ruan Ribeiro mergulhou para marcar aos 16’. Um lance plasticamente bonito e acrobático. Naquele momento, a vantagem bicolor não era justa, mas quem disse que há justiça no futebol?
Veio o 2º tempo e o jogo mudou por interferência da arbitragem. Uma bola dividida entre Rodrigo Rodrigues e Bryan Borges deu origem a uma suspeita de pênalti, com revisão pelo VAR e confirmação pelo confuso árbitro Lucas Guimarães Horn (RS).
À primeira vista, o contato foi normal numa disputa por espaço, mas o VAR apontou como faltoso um toque no calcanhar do atacante. Maxuel cobrou a penalidade e empatou a partida, aos 15 minutos.
Não houve muito tempo para o Operário buscar a virada. O zagueiro Willian Machado se enrolou numa disputa com Paulinho Boia e, como o atacante caiu, o árbitro aplicou o vermelho – depois de demorada revisão no VAR – no defensor, pois era o último homem. Pareceu compensação pelo penal esquisito marcado contra o PSC.
Os minutos que se seguiram à expulsão de Willian mostraram a zaga do Operário completamente desarvorada, distribuindo chutes para o lado e errando as saídas de bola. Apesar disso, o PSC ficava tocando bola em seu campo de defesa, evitando partir para sufocar o adversário.
A saída de Paulinho Boia enfraqueceu a estrutura ofensiva, que já não contava com Ruan Ribeiro, substituído por Val Soares. Joel entrou no comando do ataque, mas não acrescentou nada. A melhor jogada, aos 34’, foi com Borasi, mas o goleiro Rafael fechou o ângulo e evitou o gol.
O Fantasma ainda assustou nos acréscimos com uma jogada perigosa, que incluiu até chute na trave de Matheus Nogueira. No fim das contas, o Papão saiu com um ponto precioso, conquistado fora de casa.
Uma implicância boba que só prejudica o PSC
Esli Garcia deve ter comprado briga feia com gente poderosa na Curuzu. Só isso explica ele ter sido novamente preterido numa partida que se mostrava ideal para o seu estilo de dribles e finalizações certeiras. Com um jogador a mais na reta final do jogo contra o Operário, ontem, o técnico Marcinho Fernandes optou por mexer no ataque, mas preferiu trocar Paulinho Boia por Joel e Ruan Ribeiro por Val Soares.
Esli estava no banco e até as pedras do calçamento da Curuzu sabem que seria a peça perfeita para explorar a barafunda em que se transformou a zaga do Operário depois que Willian Machado foi expulso de campo.
Insinuante e habilidoso, Esli teria muito a contribuir para a consolidação do jogo ofensivo do PSC. A escolha de Val foi anterior à expulsão, mas Joel entrou quando o PSC tinha 11 contra 10. E Joel, convenhamos, não é opção confiável para quem busca fazer gols. Provou isso com dois esbarrões e um desvio de cabeça para fora.
Não há mais dúvida. Esli está mesmo fora dos planos da comissão técnica, pois só a existência de alguma restrição interna explica o fato de não entrar num jogo que poderia significar uma vitória, fundamental para o PSC no esforço para se manter na Série B.
Artilheiro do time na competição, com 6 gols, apesar de ter sido boicotado durante a passagem de Hélio dos Anjos, o atacante venezuelano nunca mais teve uma sequência normal na equipe. Quando é lembrado, entra sempre nos minutos finais dos jogos. Ontem, nem isso.
Duas semifinais frustrantes na Copa do Brasil
A Copa do Brasil deste ano teve bons jogos ao longo das primeiras fases, mas as semifinais ficaram devendo. No sábado, Vasco e Atlético-MG se enfrentaram em campo enlameado, o que prejudicou a movimentação dos times. Ainda assim, houve emoção, transpiração e intensidade.
O Vasco conduziu bem o placar de 1 a 0 até quase ao final, mas descuidou de Hulk e acabou castigado. O ídolo do Galo disparou um chute indefensável, no ângulo da trave de Leo Jardim.
Depois de flertar com o perigo – a decisão estava indo para as penalidades –, o Atlético controlou a partida e garantiu a classificação à final. Do lado cruzmaltino, tristeza da massa que lotou São Januário e que, apesar da frustração com o resultado, aplaudiu o time em sinal de reconhecimento.
Ontem, porém, a festa foi toda rubro-negra com o 0 a 0 diante do Corinthians e a merecida conquista da vaga, mas a reação da torcida foi mais contida, até porque a partida conseguiu ser pior que a de São Januário. Um festival de passes errados, poucas chances de gol e um pontapé de Bruno Henrique na cabeça de Matheuzinho para coroar o espetáculo.
A expulsão do rubro-negro não deu ao Corinthians a superioridade esperada. Limitado, o time de Ramón Díaz se atrapalha em lances simples e a única boa oportunidade em lance aéreo foi desperdiçada por Yuri Alberto, uma espécie de Ribamar com grife.
Que a decisão entre Flamengo e Galo seja mais animada e ajude a encerrar bem o torneio que paga as melhores premiações do futebol brasileiro.