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Globo acusada de intolerância religiosa

Diretor da TV e dos Estúdios Globo, Amauri Soares teria dado ordem para autores de novelas priorizarem religião evangélica e esquecerem outras crenças. FOTO: Camila Cara / EF Studio
Diretor da TV e dos Estúdios Globo, Amauri Soares teria dado ordem para autores de novelas priorizarem religião evangélica e esquecerem outras crenças. FOTO: Camila Cara / EF Studio

Gabriel Vaquer/Folhapress

Líderes de religiões de matriz africana fizeram uma denúncia ao MPF (Ministério Público Federal) para que o órgão governamental investigue se a emissora comete intolerância religiosa em novelas da emissora. Segundo eles, isso ocorreria especialmente por ordem do diretor da TV e dos Estúdios Globo, Amauri Soares.

A reportagem teve acesso ao conteúdo da denúncia, realizada na PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), no final do mês de novembro. A informação foi publicada inicialmente pelo jornalista Gabriel Perline, do IG, nesta segunda-feira (16).

O mote da denúncia é uma reportagem do site Notícias da TV que relata uma reunião de Soares com autores da Globo. Nela, Amauri teria dito que a maioria do país será de religião evangélica em 2030 e que é um objetivo da empresa ter histórias que se conectem com essa parcela da população, esquecendo outras crenças.

O fato teria revoltado autores. Seguindo essa linha, porém, a Globo já rejeitou ideias de tramas com temática espírita, como uma novela de Thelma Guedes para o horário das 18h. Revoltados, os líderes do grupo pediram uma investigação das informações e que a Globo explique o motivo da decisão.

“É proibido que qualquer entidade faça acepção de credos ou agremiação de natureza religiosa em serviços que são regulamentados por concessões públicas, o caso do serviço de televisão por radiodifusão deve ser compartilhado entre a sociedade e o Estado brasileiro, considerando a pluralidade de ideias e de credos religiosos tão diversos e presentes em nosso país”, diz a denúncia.

Os religiosos argumentam que a Globo é a maior emissora do país e deve se comprometer a dar espaço para a diversidade de crenças. Eles também pedem que, caso as informações sejam verdadeiras, a emissora responda judicialmente por intolerância religiosa.

EM ANÁLISE

O MPF ainda analisa se aceita a denúncia ou não. O prazo é de 30 dias úteis. Caso aceite, uma investigação é instaurada e a Globo precisará se manifestar.

Procurada pela reportagem, a Globo diz que “não existe tal orientação a que a matéria se refere”. “Os Estúdios Globo estão sempre abertos a receber as mais diversas propostas criativas de seus criadores”, diz nota da empresa. “Vale reiterar ainda que a Globo apoia a liberdade religiosa e considera as diversas religiões professadas no país um patrimônio cultural da nação brasileira.”