Grande Belém

Ver-o-Peso, o cartão postal de Belém e da Amazônia 

O mercado de 397 anos é considerado o maior a céu aberto da América Latina e o principal cartão postal da capital paraense. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.
O mercado de 397 anos é considerado o maior a céu aberto da América Latina e o principal cartão postal da capital paraense. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Luiz Octávio Lucas

Ir a Belém e não visitar o Ver-o-Peso é o mesmo que ir a Paris e não conhecer a Torre Eiffel. O mercado de 397 anos é considerado o maior a céu aberto da América Latina e o principal cartão postal da capital paraense.

É fato que neste verão amazônico, o ‘Veropa’, como é carinhosamente chamado pela população, está em uma merecida reforma que tem alterado um pouco o seu funcionamento e disposição de setores. Ainda assim, a feira é um roteiro imperdível para quem vem conhecer Belém. É como se fosse uma amostra de tudo de bom que a floresta amazônica pode oferecer à humanidade.

No Mercado de Ferro, o visitante encontra toda a diversidade do pescado amazônico, trazido direto para comercialização nas embarcações que chegam à Pedra do Peixe. É uma oportunidade de ver de perto o Filhote, a Pescada Amarela, Dourada, Tambaqui e tantos outros que são a base para o melhor da gastronomia paraense.

No setor de ervas, as erveiras mostram um pouco do misticismo que vem da floresta com toda sorte de ervas medicinais e aromáticas que são usadas em banhos e preparados que ajudam na cura física e espiritual de diversos males, desde dores, até a falta de um amor pra chamar de seu.

O mercado de 397 anos é considerado o maior a céu aberto da América Latina e o principal cartão postal da capital paraense. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

As frutas, vendidas por todo o complexo, mostram a infinidade de opções que o paraense tem para se alimentar com o que a floresta oferece: camapu, castanha-do-Pará, cupuaçu, bacuri, pupunha, bacuri e muitas outras que podem ser consumidas lá mesmo, in natura, ou transformada em sucos, doces e outras criações também na feira.

E sabe aquela fama que as pessoas voltam do Pará sempre com um isopor? Você vai entender nessa visita ao Ver-o-Peso. Difícil vai ser não querer levar pra casa camarão seco, goma de mandioca, farinha de mandioca e tapioca, tucupi, maniva, pirarucu seco, especiarias e até o açaí original, batido na hora. Dá vontade de levar tudo!

Se for cedo, aproveite a feira também para tomar um café da manhã com tapioca e cuscuz paraense. Se deixar para ir próximo ao horário do almoço, aproveite para fazer essa refeição por lá. As chamadas boieiras do Ver-o-Peso são cozinheiras de mão cheia, tanto que chefs de renome nacional e internacional, como Alex Atala e Thiago Castanho, sempre que podem, estão pela feira, trocando experiências com essas mulheres formadas pela universidade da floresta e suas inspirações indígenas. A chef Eliana, do Box 49, por exemplo, já teve a missão de ensinar os chefs de fora a fritar um peixe à moda do Veropa.

Mas nem só de produtos vive o Veropa. O local é o ganha-pão de 5 mil trabalhadores em mais de 1.250 barracas. Estima-se que circulem pela feira cerca de 50 mil pessoas por dia. O contato com essa população, em sua maioria simpática e carinhosa com os frequentadores, é uma atração a parte que, com certeza, fará você voltar para casa com muita história para contar.

Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

 

CURIOSIDADES 

  • Inaugurada em 1625, no antigo Porto do Pirí, a Casa de “Haver o Peso” – inicialmente era apenas um posto de aferição de mercadorias e arrecadação de impostos – viria a constituir um grande mercado aberto.
  • O conjunto arquitetônico e paisagístico foi reconhecido pelo Iphan, em 1977. No século XVIII, Belém era o maior entreposto comercial da região, sendo o centro de comércio de produtos oriundos da extração da Floresta Amazônica destinados aos mercados locais e internacionais, e o principal ponto de chegada dos produtos europeus para suprir o mercado regional. Foi esse movimento intenso de comércio de produtos que deu origem ao Ver-o-Peso.
  • Ao longo do tempo, sofreu diversas modificações, inclusive para se adaptar à necessidade e gostos da Belle Époque, período de cultura cosmopolita que, segundo alguns autores, marcou o fim do século XIX e durou até à 1a. Guerra Mundial. Nesse período, o Ver-o-Peso passou por uma grande reforma, inclusive com a construção do Mercado de Ferro (ou de Peixe) e do Mercado Francisco Bolonha (ou de Carne).
  • O Mercado de Ferro começou a ser construído em 1899, com influência europeia, seguindo a proposta dos engenheiros Bento Miranda e Raymundo Vianna. Com estrutura de ferro trazida da Europa e cobertura principal em telha tipo Marselha, as torres art noveau foram cobertas com escamas de zinco, sistema Vieille-Montagne. Inaugurado em 1901, com o Mercado de Carne, é considerado a maior feira livre da América Latina.
  • O Ver-o-Peso se estende por um complexo arquitetônico e paisagístico de 25 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas. O conjunto tombado inclui o Boulevard Castilhos França, o Mercado de Carne e o Mercado de Peixe, o casario, as praças do Relógio e Dom Pedro II, a doca de embarcações, a Feira do Açaí e a Ladeira do Castelo.

Fonte: Iphan