Grande Belém

Cerâmicas de Icoaraci dão charme à Vila Sorriso 

O distrito é conhecido como Vila Sorriso e por ficar um pouco mais afastado do centro da cidade, Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
O distrito é conhecido como Vila Sorriso e por ficar um pouco mais afastado do centro da cidade, Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Luiz Octávio Lucas

Ter um tempo livre para aproveitar Belém é um convite a ir até Icoaraci. O distrito é conhecido como Vila Sorriso e por ficar um pouco mais afastado do centro da cidade, guarda em suas ruas e edificações um charme que conquista qualquer visitante. A turismóloga Ana Karolina Jorge, da Vivenciar Turismo, dá a dica de um roteiro que sempre costuma fazer com os turistas e que dura meio período, com início no bairro do Paracuri, onde é fabricada a cerâmica vendida na orla de Icoaraci e no Ver-o-Peso.

“Visitamos a Olaria do Espanhol, que trabalha a cerâmica utilitária, é uma olaria centenária.

A importância de levar o turista para conhecer o Paracuri é mostrar de onde vem a cerâmica. Eu faço o inverso, eu não mostro só o produto final. Saber de onde vem, como é feito, o quanto aquela cerâmica é importante para aqueles artesãos e o quanto, através da cerâmica, eles ganham, o ganha-pão deles todo dia. É de onde eles tiram o seu sustento”, enaltece. A Olaria do Espanhol foi fundada em 1903 pelo mestre João Espanhol e contribuiu para formar a mão de obra do Paracuri, atual polo da cerâmica no Pará.

Cerâmica de Icoaraci. Foto: Octavio Cardoso / Diário do Pará.

Segundo Ana Karolina, a ideia é que os visitantes conheçam Icoaraci não somente como um ponto turístico. “É ver quem mora ali”, convida. “Quando a pessoa está lá no Vero Peso, não sabe que aquela cerâmica veio lá do Paracuri. Essa é a importância: fortalecer a comunidade, mostrar que por trás daquela cerâmica tem uma pessoa, tem um oleiro que deu a vida para que aquela cerâmica esteja ali”.

Além de conhecer, a turismóloga pontua a oportunidade de meter a mão na massa. “Na olaria, a pessoa vai chegar, junto com a gente, e vai poder sentar no torno, mexer no barro, ter essa orientação do mestre oleiro. Com essa experiência de sentar no torno, vai entender o trabalho deles, além de conhecer o cotidiano da olaria, ver o restauro, o acabamento, a movimentação da olaria”, descreve.

Ainda na visita ao Paracuri, Ana Karolina conta que o mestre Ciro Croelhas mostra a olaria e o ecomuseu que criou com peças utilitárias. “Se ele faz hoje uma quantidade grande de pratos, ele tira um prato para colocar lá no museu e também faz réplicas de peças que não são mais utilizadas, como nas casas antigas que têm uma decoração na ponta de cerâmica, uma calha. Ele tem essa réplica da calha exposta para mostrar que a cerâmica era utilizada na arquitetura antigamente”, ilustra.

Ao sair do Paracuri, o passeio continua na antiga estação de trem, hoje transformada em Estação Cultural de Icoaraci. O espaço recebe diversas ações, como shows, apresentações cênicas, exposições, intervenções artísticas e feiras de economia criativa com expositores locais. Todas as atividades promovem e valorizam a cultura local.

“Lá na estação de trem o visitante conhece a história e a importância da estação para Belém. Era de onde saía o trem Belém-Bragança, que levava as pessoas, mercadorias lá de Icoaraci e tinha cinco paradas – Bengui, Tenoné, Una e Entroncamento”, explica a turismóloga.

Ao lado da Estação Cultural mais uma parada para conhecer a Igreja Matriz de Icoaraci, a Paróquia Santuário de São João Batista e Nossa Senhora das Graças. É lá o ponto de chegada do Círio de Nossa Senhora das Graças, outra tradição mantida pelo povo icoaraciense, sempre no mês de novembro, bastante semelhante à romaria do Círio de Nazaré, inclusive com o tradicional almoço após a procissão. .

O passeio ainda percorre a orla da cidade, onde está o Chalé tavares Cardosos, hoje sede da Biblioteca Municipal Avertano Rocha, que remonta ao período da Belle Époque, na Rua Manoel Barata; O tour termina com uma visita aos quiosques da orla de Icoaraci, onde se pode encontrar o artesanato em cerâmica fabricado no Paracuri, além de restaurantes com o peixe como carro-chefe e barracas de água de coco, outra tradição para contemplar o entardecer na Vila Sorriso.

CURIOSIDADES 

  • A Estação de Icoaraci foi construída na intendência de Antônio Lemos e inaugurada por Augusto Montenegro, em 7 de janeiro de 1906.
  • estrada de ferro ligada à Estação tinha 21 km de extensão, com saída do Entroncamento (na Avenida Pedro Álvares Cabral), passando pelo ramal do Curro (matadouro) do Maguari e ramal da Vila Pinheiro (antigo nome de Icoaraci), com conexão até o porto.
  • Foi desativada em 1° de janeiro de 1965, e passou a ser usada pela Cooperativa de Artesãos de Icoaraci (Coart) ao longo de 30 anos.
  • O Chalé Tavares Cardoso foi construído no auge da época áurea do comércio da borracha, também conhecido como Belle Époque, pelo proprietário Eduardo Tavares Cardoso.
  • O prédio era cercado por um pequeno lago, onde se podia navegar. Nos jardins, destacava-se a presença de espécies vegetais importadas de outros países, como a Suécia.

 

ONDE IR 

Ecomuseu de Belém – Olaria do Espanhol

Rua Santa Isabel nº 2010, entre Tv. Andradas e Tv. Soledade, em Icoaraci.

 

Estação Cultural de Icoaraci

R. Padre Júlio Maria, 937-995 – Cruzeiro.

 

Chalé Tavares Cardoso (Biblioteca Pública Municipal Avertano Rocha)

R. Siqueira Mendes, 607-705