A campanha de vacinação contra o HPV foi ampliada até dezembro pelo Ministério da Saúde. A ação tem como meta vacinar 7 milhões de jovens entre 15 e 19 anos, que não se imunizaram na idade recomendada, de 9 a 14 anos. No Pará, a dose única da vacina está disponível gratuitamente em todas as salas de vacinação nos 144 municípios do estado.
De acordo com a coordenadora estadual de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sespa), Jaíra Ataíde, o Papilomavírus Humano, o HPV, é um vírus de fácil transmissibilidade através da atividade sexual, sendo muito comum em mais da metade da população. Com mais de 150 tipos, o vírus pode causar verrugas na pele e nas mucosas do corpo. Dentro do número total, o HPV possui quatro tipos oncológicos, podendo causar complicações mais severas, como o desenvolvimento do câncer de colo de útero, de pênis, garganta e ânus.
Como forma de proteger contra os casos de câncer, em 2014, o governo brasileiro instituiu a vacinação contra o HPV para o público de meninas de 14 anos. Posteriormente, a vacinação foi expandida para grupos de meninos e meninas a partir de 9 anos até 14 anos de idade. Após 10 anos da implementação do imunizante no Sistema Único de Saúde (SUS), em 2024, foi realizada uma pesquisa para averiguar o impacto da vacinação neste público-alvo, que enfrentou alguns problemas no percurso.
“Começaram algumas questões dos pais dizendo que vacinar as meninas seria o mesmo que liberá-las para atividade sexual, quando há uma grande necessidade mesmo, da educação e saúde, do convencimento. A gente vacina os bebês nas primeiras horas de vida contra a hepatite B, que é de transmissão de via sexual, então nós não estamos incentivando que bebês entrem nessa questão da atividade sexual”, explica Jaíra.
Devido a um grande número de falhas na vacinação, envolvendo a falta de adesão ao imunizante e o respeito à janela imunológica, o Ministério da Saúde resolveu ampliar a campanha de imunização para pessoas na faixa etária de 15 a 19 anos que não foram previamente vacinadas. Somente no estado do Pará, o número de não vacinados contra o HPV gira em torno de 300 mil pessoas distribuídas em todos os municípios paraenses.
“O Ministério da Saúde pensou em fazer um resgate. Então, vamos buscar, além dos que já estão na rotina de 9 a 14 anos, o pessoal de 15 a 19 anos. Não é uma ação o tempo todo. Quando viu que foi muito pouco o número de pessoas vacinadas, houve a prorrogação da campanha. A nossa estratégia é anunciar em todos os municípios que a vacinação continua e que o nosso foco maior de resgate é de 15 a 19 anos em todas as ações de vacinação. Onde tem uma ação de vacinação também será levada a vacina contra o HPV”, esclareceu Ataíde.
IMPORTÂNCIA
Segundo a representante da Sespa, em outubro será organizada a Campanha de Multivacinação com o foco na imunização de crianças e adolescentes que ainda não estão devidamente vacinados, incluindo contra o HPV. Neste momento de ampliação de público é necessário pensar na importância da vacina na proteção contra o câncer de colo do útero, que é um dos tipos mais comuns de câncer ginecológico. Somente em 2022 foram registrados 17.010 casos e mais de 6 mil mortes causadas pela doença, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
“A escolha desta faixa etária é justamente por não estar em atividade sexual porque as pessoas que já têm vida sexual ativa têm uma grande possibilidade de ser portadoras do vírus do HPV. Por questões individuais, essa pessoa vai viver a vida toda com esse vírus e não vai acontecer nada, mas ela vai espalhar para tantas outras que pode ser que alguém avance para um estado mais complicado. Então, a vacina tem uma proteção individual, mas também uma proteção coletiva. A vacina previne o adoecimento, ela chega antes da doença e sinaliza para o teu corpo. Quando você entrar em contato com aquele agravo, o corpo já vai estar protegido e você consegue rapidamente estar bem, sem problemas maiores”, orienta Jaíra Ataíde.