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Pressão 12 X 8 já é considerado pré-hipertensão

Antes considerados apenas “normais limítrofes”, esses números passam a exigir acompanhamento médico mais rigoroso

Antes considerados apenas “normais limítrofes”, esses números passam a exigir acompanhamento médico mais rigoroso. Foto: pixabay
Antes considerados apenas “normais limítrofes”, esses números passam a exigir acompanhamento médico mais rigoroso. Foto: pixabay

A pressão arterial considerada de risco no Brasil passou por uma importante atualização. Uma nova diretriz, divulgada nesta quinta, 18, durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, redefiniu os parâmetros para diagnóstico e tratamento da hipertensão. O documento, elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), enquadra agora como pré-hipertensão os valores entre 12 por 8 (120-139 mmHg sistólica e/ou 80-89 mmHg diastólica).

Antes considerados apenas “normais limítrofes”, esses números passam a exigir acompanhamento médico mais rigoroso. O objetivo da mudança é reforçar a prevenção, orientando intervenções ainda na fase inicial. Nesta etapa, sem que a hipertensão esteja totalmente estabelecida, médicos devem recomendar mudanças no estilo de vida e, dependendo do risco individual, podem indicar o uso de medicamentos.

A atualização segue a tendência internacional e está alinhada às novas diretrizes europeias, apresentadas em 2024, que classificou a pressão 12 por 8 como “pressão arterial elevada”.

Meta de tratamento mais rigorosa

Outra alteração relevante está no alvo terapêutico. Até então, o controle era considerado satisfatório quando a pressão arterial ficava abaixo de 14 por 9 (140/90 mmHg). Com a nova diretriz, a meta foi endurecida: agora, o ideal é manter a pressão arterial abaixo de 13 por 8 (<130/80 mmHg) para todos os pacientes hipertensos, independentemente da idade, sexo ou presença de outras doenças.

Segundo os especialistas, esse limite mais baixo é fundamental para reduzir riscos de complicações graves, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal. Para pacientes que não toleram reduções intensas, a orientação é chegar o mais próximo possível desse objetivo, sempre com segurança clínica.

Abordagem mais ampla: risco cardiovascular global

Pela primeira vez, a diretriz estabelece que não basta apenas controlar os números da pressão. O foco agora também está em reduzir o risco cardiovascular global.

Para isso, foi incorporado o escore PREVENT, uma ferramenta que calcula a probabilidade de o paciente sofrer um evento cardiovascular em dez anos. O cálculo considera fatores como obesidade, diabetes, colesterol alto e lesões já presentes em órgãos-alvo, como coração e rins.

Com base nesse resultado, os médicos poderão adotar condutas personalizadas, ajustando a intensidade do tratamento de acordo com o perfil de cada paciente, aproximando a prática clínica da chamada medicina de precisão.

A expectativa é que essas mudanças melhorem a prevenção e o tratamento da hipertensão no país, reduzindo significativamente os casos de doenças cardiovasculares — uma das principais causas de morte no Brasil.