SAÚDE

Hospital Ophir Loyola realiza 10º transplante de medula óssea

Alenquerense de 58 anos, acometida por um tipo de linfoma raro, realizou o procedimento na última quarta-feira, 25, e aguarda a pega da medula

Hospital Ophir Loyola realiza 10º transplante de medula óssea

O Hospital Ophir Loyola (HOL), unidade do governo do Estado, realizará o 10º Transplante de Medula Óssea (TMO). Desde 2023, a instituição executa com sucesso o procedimento autólogo, que utiliza a medula do próprio paciente para tratar doenças hematológicas graves. A moradora de Alenquer, Laercilene Duarte, de 58 anos, foi submetida, na quarta-feira, 25, a uma intervenção terapêutica devido a um Linfoma de Células do Manto (LCM), considerado um tipo raro e agressivo de linfoma não-Hodgkin de células B. 

“Sentia muitas dores nas costas, então apareceu um nodulozinho no seio, cheguei a pensar que era câncer de mama, mas os exames não confirmaram nada. Solicitaram exames mais detalhados e diagnosticaram o linfoma. A doença comprometeu bastante a minha saúde, iniciei o tratamento no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e fui transferida para cá, para complementar o meu tratamento”, contou.

Mesmo acometida por um tipo raro de câncer, Laercilene acredita em dias melhores. Católica, se apega à fé para superar a saudade da família, e a ansiedade pela intervenção terapêutica, mas segue confiante na expertise da equipe do Hospital Ophir Loyola. “Estava triste, não sabia para onde iriam me mandar, mas quando descobri que era aqui, fiquei muito feliz. Tenho fé que tudo dará certo”, afirmou a paciente.

O “Ophir Loyola” é o maior Centro de Tratamento de Doenças Oncohematológicas do Pará e, apoiado pela Central Estadual de Transplante (CET), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), oferta transplante nesta especialidade médica. “O serviço do hospital acompanha cerca de 1.200 pacientes e realiza 500 atendimentos por mês. Ter um centro de referência evidencia o protagonismo do hospital no combate às doenças hematológicas malignas no Estado e em nossa região, tanto em relação à complexidade dos casos assistidos quanto ao volume de pacientes”, destacou o diretor-geral, Jaques Neves.

Popularmente conhecida como “tutano”, a medula óssea é um tecido gelatinoso que preenche a cavidade interna dos ossos. Além de produzir componentes sanguíneos, é responsável pela produção dos elementos essenciais para a defesa do organismo. Quando o paciente é acometido por doenças medulares, há prejuízo na produção de glóbulos vermelhos (eritrócitos), de glóbulos brancos (leucócitos) e de plaquetas (trombócitos).

Responsável técnico pelo TMO, o oncohematologista Thiago Carneiro explica que a indicação ao tratamento envolve a análise criteriosa do estado geral de saúde do paciente e do nível de adesão aos cuidados orientados no pré, intra e pós-transplante. “O processo leva até 30 dias para ser concluído, desde a coleta até o armazenamento do material para ser devolvido após a Laercilene receber altas doses de quimioterapia para promover a destruição das células doentes e ocorrer a pega da medula”, afirmou.

“O transplante aumenta a capacidade de controle ou cura dessas doenças, como as leucemias, os linfomas e o mieloma múltiplo. Trata-se da substituição de uma medula óssea doente por uma saudável, fazendo com que o organismo do paciente transplantado passe a produzir novas células da medula óssea no sangue. O tratamento permite transformar cânceres que eram incuráveis, em curáveis. Para alguns casos, mesmo que a restauração da saúde completa não seja possível, é possível alcançar excelentes resultados e promover a qualidade de vida”, esclareceu Xavier.

O procedimento é dividido em três etapas: mobilização (promoção da migração das células progenitoras presentes na medula para o sangue periférico), aférese (separação das células-tronco por centrifugação para congelamento e armazenamento) e transfusão (material é infundido no paciente)

Futuro – Para o oncohematologista, o serviço já amadureceu bastante desde a realização do primeiro transplante autólogo. A ideia agora é expandir a capacidade com a realização de transplante não aparentado (alogênico), que ocorre entre doadores e receptores sem ligação familiar. A equipe médica utiliza a medula de doador aparentado ou cadastrado no banco de voluntários.

Xavier destaca que o Hospital dispõe de Laboratório de Biologia Molecular, Serviço de Quimioterapia e Hospital Dia Hematológico, que funciona como regime intermediário entre a internação e o atendimento ambulatorial para que o paciente, mesmo depois da alta, receba atendimento clínico e tratamento específico e retorne para casa. E, ressalta ainda, que novos profissionais são capacitados por meio da Residência Médica em Hematologia e Hemoterapia, importante para a atenção no Sistema Único de Saúde (SUS), por suprir a carência de profissionais na área. 

“Obtivemos sucesso em todos os procedimentos, sem complicações, mostrando a segurança do procedimento, aqui, no Ophir Loyola. Com o apoio do governo do Estado, pretendemos ampliar nossas atividades e realizar todas as modalidades de transplantes de medula óssea para beneficiar todas as pessoas com diferentes patologias que afetam as células do sangue, sem que precisem sair do Estado”, anunciou o oncohematologista.