SAÚDE

Estudo confirma que baixos níveis de LDL no sangue não prejudicam funções cognitivas

O colesterol é comumente conhecido por ser prejudicial à saúde, mas, em equilíbrio, desempenha funções importantes no corpo humano

Estudo confirma que baixos níveis de LDL no sangue não prejudicam funções cognitivas

O colesterol é comumente conhecido por ser prejudicial à saúde, mas, em equilíbrio, desempenha funções importantes no corpo humano, como a produção de hormônios, vitaminas e até mesmo a formação de células cerebrais. Um novo estudo publicado pela revista científica NEJM Evidence, do grupo do New England Journal of Medicine, se propôs a examinar se manter os níveis do colesterol LDL, o chamado colesterol “ruim”, a níveis muito baixos poderia afetar a cognição. A resposta é não.

A pesquisa foi liderada por André Zimerman, chefe da unidade de ensaios clínicos do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), e faz parte de um estudo global de duas etapas coordenado por uma equipe de cardiologistas da Universidade de Harvard.

Participaram pacientes de alto risco, com doenças cardiovasculares e com o LDL acima de 70mg/dl, considerado alto, em centros de pesquisa da América do Norte e Europa. Os pesquisadores combinaram a estatina, uma das drogas mais estudadas na humanidade, e o evolocumabe para baixar o nível desse colesterol em torno de 30mg/dl.

O médico brasileiro diz que a associação entre os dois medicamentos permitiu averiguar se níveis tão baixos do colesterol trariam um risco cognitivo para os pacientes. “Os benefícios já estão muito claros e estabelecidos. A grande questão do estudo foi mostrar uma segurança de longo prazo”.

A etapa inicial durou dois anos e selecionou aleatoriamente os participantes que receberiam evolocumabe ou placebo. Os pacientes já faziam e mantiveram o uso controlado de estatina. No segundo período, de cinco anos, todos os pacientes remanescentes receberam evolocumabe, devido a eficácia já comprovada da medicação, que reduziu de 15 a 20% o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Controlar os níveis de colesterol LDL no sangue reduz o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), diminuindo a morte cardiovascular. “A principal causa de morte no Brasil e no mundo”, diz Zimerman.

O médico afirma que, em pessoas de alto risco, a recomendação do nível de LDL foi diminuindo com o tempo. “Antes era abaixo de 130mg/dl, passou para 100, depois 70, e hoje recomenda deixar abaixo de 55.”

Os participantes foram submetidos a testes cognitivos que avaliaram aspectos como memória de trabalho e episódica, além de testes de velocidade psicomotora ao longo de sete anos de pesquisa. Nenhum participante mostrou declínio cognitivo mesmo com baixos níveis de colesterol LDL.

Apesar de não ter avaliado esse aspecto no estudo, Zimerman atenta para um estudo recentemente publicado na Lancet que mostra que níveis elevados de LDL são um fator de risco para o desenvolvimento de demência.