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Doenças tropicais negligenciadas: O que são e por que ocorrem?

Pedro Vasconcelos, professor do curso de Medicina do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Foto: Sidney Oliveira
Pedro Vasconcelos, professor do curso de Medicina do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Foto: Sidney Oliveira

Cintia Magno

Geralmente associadas a quadros infecciosos, as Doenças Tropicais são chamadas desta forma justamente por incidirem na região dos trópicos da Terra, sendo registradas com maior frequência em países que enfrentam desafios como a falta de infraestrutura e saneamento básico. Dentro dessa classificação, existe um grupo de doenças que são caracterizadas como Doenças Tropicais Negligenciadas.

O professor do curso de Medicina do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Pedro Vasconcelos, explica que, geralmente, as doenças tropicais estão muito associadas a quadros infecciosos e são causadas por vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários, vermes etc.

“Essas doenças ocorrem com maior frequência na região tropical porque não há uma qualidade de vida e de saneamento melhor nesses locais. Então, elas ocorrem menos nas regiões temperadas porque geralmente é onde estão os países mais desenvolvidos, principalmente no hemisfério Norte, e a ocorrência delas, embora exista, a incidência é muito menor, o impacto que elas causam na população também é bem menor do que nas regiões tropicais”.

Já as doenças tropicais negligenciadas são aquelas que ocorrem quase que exclusivamente nas populações que têm menor acesso a diversos serviços públicos, como menor acesso à educação, à saúde, a saneamento e menor acesso à informação. “Ou seja, as populações são negligenciadas e às doenças que ocorrem nessas populações se cunhou o termo Doenças Tropicais Negligenciadas porque, além de ocorrerem nas regiões tropicais, elas ocorrem basicamente nas populações mais vulneráveis, mais indefesas e que não contam com suporte de saneamento, de toda a infraestrutura necessária para combatê-las”, esclarece o Dr. Pedro Vasconcelos. “Quer dizer, só existem doenças negligenciadas porque existe a pobreza, a miséria, e com isso se mantém um ciclo vicioso. Não se eliminam as doenças negligenciadas porque não se melhoram as condições de infraestrutura e nem a educação da população”.

MAIS DE 20 ENFERMIDADES 

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 20 Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) estão presentes nas Américas. Juntas, elas são responsáveis por 500 mil a 1 milhão de óbitos por ano na região. Diante da gravidade do quadro, há que se pensar em medidas que possam prevenir tais doenças, o que nem sempre é uma missão fácil.