CONDIÇÃO

Dia Mundial: Cerca de 20 milhões de brasileiros têm diabetes

Doença crônica é caracterizada pela alta concentração de glicose no sangue e que pode causar uma série de complicações se não for controlada. Daí a importância da conscientização para o tratamento o quanto antes

O diabetes possui uma série de subtipos, sendo os tipos 1 e 2 os mais comuns
O diabetes possui uma série de subtipos, sendo os tipos 1 e 2 os mais comuns FOTO: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL

Celebrado em 14 de novembro, o Dia Mundial de Combate ao Diabetes traz um importante lembrete sobre a importância da prevenção e do controle da doença que afeta milhões de brasileiros e que, quando não controlada, leva a complicações graves. Estima-se que cerca de 20 milhões de pessoas no país convivam com essa condição, tornando o Brasil o sexto país com mais casos no mundo, segundo dados da International Diabetes Federation (IDF), a Federação Internacional de Diabetes.

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela alta concentração de glicose no sangue (hiperglicemia), causada pela produção insuficiente de insulina pelo pâncreas ou pela resistência das células à insulina. Existem dois principais tipos: o tipo 1, em que o corpo não produz insulina, e o tipo 2, em que há resistência à insulina. Se não controlado, o diabetes pode levar a complicações graves, afetando o coração, rins, nervos e visão.

O nutrólogo Durval Ribas Filho ressalta a complexidade da doença e destaca que o diabetes não se limita a apenas dois tipos. “Temos diabetes tipo 1, tipo 2, gestacional, o pré-diabetes, e até o diabetes Lada [Latent Autoimmune Diabetes in Adults – que é autoimune]. No entanto, os tipos 1 e 2 são os mais comuns”, explica. Essa doença não só desafia o sistema de saúde, como também exige uma mudança de hábitos dos pacientes e um monitoramento médico constante para evitar consequências como neuropatias, doenças renais e problemas cardiovasculares.

Conforme o especialista, o diabetes tipo 1 geralmente surge na infância ou adolescência e ocorre quando o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, que produzem insulina – hormônio que regula a glicose no sangue. “Esse é o tipo que exige insulina para o tratamento desde o início, ao contrário do tipo 2, que é mais comum e resulta de uma resistência à insulina e deficiência relativa dela”, diz o especialista. O tipo 2, associado principalmente ao sobrepeso, sedentarismo e alimentação inadequada, tem prevalência dez vezes maior que o tipo 1.

Para o especialista, é importante que as pessoas saibam que cerca de 10% da população brasileira tem diabetes e, ainda, existem estudos que apontam que até 44% da população não sabe que tem diabetes. Para reduzir esses números, reconhecer os sintomas do diabetes é essencial para um diagnóstico precoce. Ele destaca que a fome frequente, sede constante e vontade de urinar diversas vezes são comuns em ambos os tipos, mas cada um pode apresentar particularidades.

“No diabetes tipo 1, a pessoa começa a perder peso de forma repentina, sente fraqueza e até tem mudanças de humor, por vezes vômitos e náuseas. No tipo 2, além desses sintomas, pode haver formigamento nas mãos e pés, infecções de pele que demoram a cicatrizar e, importantíssimo, a visão, que começa a ficar embaçada”, detalha.

COMPLICAÇÕES

A falta de controle do diabetes pode desencadear complicações sérias. “A doença está associada a várias complicações graves, como neuropatia diabética, problemas arteriais, existem pacientes que precisam até de amputação. Há doenças renais, os problemas nos olhos, catarata, pele mais sensível”, destaca. Ele também menciona que pacientes diabéticos têm maior sensibilidade na pele, alterações de humor e, em alguns casos, sofrem de disfunções sexuais. “Essas complicações são comuns principalmente quando o paciente não realiza o controle adequado médico”, acrescenta.

A prevenção e o controle do diabetes passam, sobretudo, por mudanças no estilo de vida. Para Ribas, uma alimentação equilibrada, tanto para diabéticos quanto quem sofre de hipertensão, colesterol, triglicerídeos, ácido úrico, é ter uma alimentação relativamente balanceada, atividade física regular e uma boa rotina de sono são fundamentais.

“Evitar açúcares refinados, preferir carboidratos complexos e manter-se ativo são cuidados que ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina”, explica. O especialista recomenda, como ideal, caminhar 7.500 passos por dia, cinco vezes por semana, e alerta que pessoas com histórico familiar de diabetes devem estar especialmente atentas.