EXPECTATIVA

Venda de itens aquece às vésperas do Círio de Nazaré

Lojistas e empreendedores do centro de Belém dominam vitrines e encomendas com artigos religiosos relativos à celebração de Nossa Senhora. Nessa última semana, a procura deve ser intensa

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Faltando uma semana para o Círio de Nazaré 2024, o clima da festividade já tomou conta das ruas de Belém. Enquanto as novenas e os encontros familiares acontecem, o comércio da cidade se agita com lojistas e vendedores ajustando suas vitrines para atender à crescente demanda por artigos religiosos. Desde as primeiras horas da manhã, o Centro Comercial de Belém, localizado no bairro da Campina, se enche de cores dos itens que remetem à festividade.

Ao caminhar pelas esquinas, o cenário se repete. Peças dedicadas à devoção a Nossa Senhora de Nazaré ocupam as prateleiras, atraindo tanto fieis quanto curiosos que passam pelos estabelecimentos. No ponto de xerox da empreendedora Maria das Graças Marques, de 63 anos, que existe há 40 anos na rua João Diogo, é nos meses de agosto a outubro que o espaço ganha um nicho diferente: a venda de objetos de cera relacionados às promessas do Círio. Dentre os objetos, coração e cabeça são os mais procurados. Ao longo dos meses, uma barraquinha é colocada na rua, e garante à ela, em média, mais de mil produtos vendidos.

“Há mais ou menos 20 anos revendo esses produtos. É o período em que a gente consegue ganhar um dinheiro a mais do que em outros meses, então é sempre bom. Fora que meu marido passou um tempo doente, precisou da UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e foi nesse período que Nossa Senhora passou a significar mais ainda para nós”, diz Maria das Graças que mantém o negócio apenas por encomenda nos outros meses.

Outros artigos também chamam atenção pela variedade e criatividade. As imagens de Nossa Senhora de Nazaré, símbolo máximo do Círio, aparecem em diferentes estilos e materiais, oferecendo opções para todos os gostos e bolsos. Disponíveis em várias cores e tamanhos, os tecidos personalizados, por exemplo, são sucesso entre os fieis que querem usar algo temático durante o almoço do Círio ou simplesmente decorar a casa para esperar o evento religioso. Em uma loja de tecidos situada na rua Treze de Maio, entre a av. Portugal e travessa Sete de Setembro, a gerente de compras Jamyllys Miranda, 36, conta que é nesse período em que as metas são batidas antes do tempo determinado.

“A gente se programa com meses de antecedência para desenvolver estampas exclusivas para o Círio. Ano passado batemos a meta e superamos ela em 70%, totalizando 170%. Neste ano, a demanda foi maior do que esperávamos, com clientes procurando não só para roupas, mas também para decoração como toalhas de mesa e painéis; já passamos do que foi batido ano passado, e ainda nem estamos em outubro”, explica.

Do outro lado do balcão, os clientes também carregam suas expectativas e devoção. Ana Milde Brasil, 58, autônoma, se organiza para o Círio e, além de comprar tecidos estampados para uso pessoal, aproveita para expandir o empreendimento no ramo do artesanato, onde é possível garantir lucros maiores. “Costumo fazer capas de eletrodomésticos, toalhas de mesa e capas de sousplat com temas do Círio, e já tenho encomendas desde agosto”, comenta. Para Ana, participar da festividade vai além da religião. “É um momento muito importante. A decoração de casa se transforma nesse período. É especial para reforçar a fé e compartilhar com a família e amigos”, acrescenta.

TRADICIONAL

Seja pela possibilidade de carregar na hora da procissão ou pelas possibilidades diversificadas de uso, fitas e cordas continuam a ser os famosos itens tradicionais procurados. Mantos, que variam entre R$15 a R$55, imagens maiores esculpidas tanto em cerâmica quanto em resina, podendo variar de R$80 à quase R$400, ou simplesmente terços que são objetos mais baratos, custando a partir de R$10, conforme Cleyci Gomes, 30, que trabalha em uma loja de artigos em geral, são procurados o ano todo, mas em setembro as vendas disparam. “Vendemos fitas, berlindas, flores, imagens, entre outros itens; o Círio movimenta muito o comércio. As pessoas começam a comprar os artigos religiosos com um mês de antecedência, mas o pico de vendas acontece quando chegamos mais perto da festa”, afirma.