Cintia Magno
Escolhida por Deus dentre todas as mulheres, Maria é homenageada pelos católicos desde o início do próprio cristianismo. Santa de devoção dos paraenses na figura de Nossa Senhora de Nazaré, ela que atendeu ao chamado divino foi recebendo, ao longo da história, muitos outros nomes que remetem a aparições ou graças atribuídas.
Relacionados com as histórias de devoção ligadas à Santa, os ‘vários nomes’ de Maria surgem de forma espontânea entre os devotos, mas, o que não se pode esquecer é que todos se referem a uma só Maria. A escritora e pesquisadora sobre o Círio de Nazaré, Mízar Klautau Bonna, reforça que a Virgem Maria é uma só, a mãe de Jesus. “Mas suas características são várias e são importantes para cada devoção no mundo todo. As mais conhecidas entre nós diferem em alguns detalhes, ora pequenos, ora grandes”.
A pesquisadora aponta que no caso de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, a representação é uma imagem da Mãe de Jesus negra, com as mãos unidas em oração. “Ao ser encontrada de uma forma inusitada – já que primeiro veio na rede do pescador só o corpo e depois, noutra jogada da rede, veio a cabeça (já sendo um milagre) e ao juntarem as duas, completando a imagem, as redes se encheram de peixes, chegando a transbordar – aconteceu um milagre no seu achado”, rememora.
“O nosso milagre foi que ela foi encontrada por um homem bom, casado com Ana de Jesus, que souberam chamar o povo para orações e, assim, fizeram crescer nossa devoção. Aparecida aconteceu, foi encontrada no ano de 1717”.
Mízar Bonna lembra que, em Belém do Pará, outra imagem encontrada já atraía devotos para seus momentos de oração, a Senhora de Nazaré. “Em Belém, desde o ano de 1700, quando Plácido, um morador das redondezas da cidade, foi até o Igarapé Murutucu, próximo de onde morava em seu sítio, e lá entre pedras lodosas e uma árvore encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré do Desterro. O local era chamado de Estrada para o Maranhão, mas não havia estrada, era caminho pisado por gente, carroças e animais”.
No caso de Nossa Senhora de Lourdes, a devoção teve início a partir de uma aparição na então aldeia de Lourdes, região francesa dos Altos Pirineus, em 11 de fevereiro de 1858, quando a jovem Bernadette Soubirous, viu pela primeira vez, a Virgem Maria.
“Nossa Senhora de Lourdes, na França, se comunicava com Bernadette e como Bernadette sofreu para que as autoridades acreditassem nela. Acontece que o povo simples logo acreditou e a devoção cresceu e só tem feito o bem”, lembra Mízar. “Já Nossa Senhora de Fátima, na Cova da Iria, em Portugal, é outra imagem de Maria que atrai para si multidões de devotos com a característica de portarem velas acesas nas cerimônias das cidades. Para mim, a mais bela homenagem à Mãe de Jesus”.
No dia 13 de maio de 1917, Nossa Senhora de Fátima fez a sua primeira aparição em um local chamado Cova de Iria, localizado em uma pequena aldeia de Fátima, em Portugal. Os relatos contam que ela apareceu para três pastorinhos, sobre um pé de Azinheira.
Segundo os próprios pastorinhos contaram, a aparição aconteceu mediante uma luz muito brilhante e a Santa trazia um rosário nas mãos, característica que até hoje é representada nas imagens de Nossa Senhora de Fátima. “As características que diferem essas três imagens da Mãe de Jesus são: Aparecida, negra com as mãos em oração; Lourdes, em vestes brancas com uma faixa azul, o Rosário no braço direito, mãos postas em oração e flores nos pés; Fátima, mãos em oração também, com terço envolvendo-as, mas de vestes brancas que brilhavam como o sol, e ela sobre um bloco de nuvens. É a mesma mãe de Jesus, mas que se apresenta para nós com características diferentes”.