Ana Laura Costa
Não tem como explicar, é preciso vivenciar o Círio de Nazaré para entender os sentimentos e momentos que a ocasião proporciona.
E mesmo quem não sinta, pode ver no que se transforma a capital paraense para receber a festa católica. A iluminação temática da festividade anuncia o Círio e ilumina os caminhos a serem percorridos por cerca de 2,5 milhões de fiéis e pela imagem peregrina de Nossa Senhora de Nazaré.
Assim mesmo as casas, janelas, prédios e sacadas são enfeitados para o segundo domingo de outubro. Com uma vista privilegiada para a Praça Santuário de Nazaré e para a própria Basílica, a professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Ana Claudia Serruya Hage, acompanha a procissão anualmente cercada de amigos e familiares que tornam o momento uma tradição de fé e união.
O apartamento da professora, mãe de três filhos, situado na rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos, no bairro de Nazaré, em Belém, é o refúgio certo da família todos os anos. Não à toa, uma pintura de Ana Cláudia junto aos filhos e a neta de 11 anos, estampa o quadro que decora a sala. Espaço também reservado para as imagens de Nossa Senhora de Nazaré organizadas em cima de uma mesa com vista para a Basílica.
“O amor por Maria foi um amor geracional. Meus pais repassaram a mim e eu consegui passar aos meus filhos também, criar memórias nesse momento de celebração, renovação e fé tão importante. Às vezes meus filhos podem até não vir no meu aniversário, mas não deixam de vir para o Círio. É como se fosse um rito de passagem”, destaca.
Há mais de 15 anos, a professora recebe hóspedes de fora da cidade durante a festividade, a maioria de São Paulo. No dia da procissão do Círio, as televisões da casa ficam ligadas para que todos assistam a procissão saindo da Catedral Metropolitana, na Cidade Velha, até se aproximar da Praça Santuário de Nazaré.
Momento em que ela, familiares, amigos da família e até hóspedes de fora, se dividem entre as quatro janelas, 10 em cada, para acompanhar a chegada da imagem da santa.
“A casa fica cheia! Moro sozinha, mas aqui chega a ficar de 50 a 60 pessoas no dia da procissão. Primeiro a gente fica na expectativa da procissão, aí assistimos a chegada da Santa e à missa. Quando ocorre tudo isso é que nós almoçamos. Geralmente fica só a família para almoçar mesmo”.
Ana Claudia revela que perdeu a mãe há 2 meses, o que faz deste Círio um pouco difícil, mas que reforça ainda mais a importância da união em família e aumenta as expectativas neste ano.
“São poucos paraenses que vivem todo o Círio e aqui a gente vive o Círio todo. É único. É o momento de construir memórias especiais, de amor e de fé. É um momento de renovação com os nossos, já estou numa expectativa imensa para este dia”.