Irlaine Nóbrega
O fim do Círio 2022 foi marcado pela subida da Imagem Original ao Glória e a procissão do Recírio, na manhã de ontem (24). Após 15 dias de festividade, o encerramento oficial da quadra nazarena foi realizado depois de uma missa campal celebrada por Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém, na Praça Santuário de Nazaré, às 7h. Porém, antes da saída da romaria, a Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré retornou ao Glória, às 6h30, em uma cerimônia marcada pela emoção e saudades dos fiéis com a padroeira dos paraenses.
Esta edição do Círio marcou o retorno das procissões em formato presencial após dois anos de restrições da pandemia do coronavírus, em 2020 e 2021. Sendo a 13ª procissão da festividade, a romaria do Recírio recebeu milhares de fiéis no menor trajeto das romarias, de 800 metros, até a Capela do Colégio Gentil Bittencourt, onde fica resguardada durante quinze dias. Na procissão, a Imagem Peregrina foi conduzida em um andor adornado por flores rosas. A expectativa era reunir cerca de 50 mil pessoas, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA) e da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN).
Apesar do clima de despedida, a procissão foi a oportunidade de Francisca Carvalho, 81 anos, ver a Imagem Peregrina pela primeira vez no Círio 2022. Oportunidade, também, de agradecer de perto pela cura de uma ferida na perna, que ficou aberta por mais de um ano. Por isso, ela levou uma tradicional perna de cera para fazer as orações finais. “Não deu pra eu vir no Círio, aí vim entregar agora no Recírio. Eu vou caminhando com Ela, quando a santa entrar no colégio, eu volto para entregar na igreja. É a minha primeira e última oportunidade de ver Ela de pertinho esse ano, tô um pouco emocionada, chega meu coração tá acelerado. Eu fiz essa promessa pra Ela, me curou e agora vou junto na procissão dEla. É um momento de muita felicidade, é uma alegria muito grande”, disse a aposentada.
Na chegada ao Colégio Gentil, a Imagem Peregrina abençoou os fiéis que estavam na espera da passagem. Uma delas foi Antonieta Ramos, 96, que flutuou, suspensa pelos Guardas de Nazaré, para tocar o manto da Virgem de Nazaré. “Eu flutuei, não sei nem o que falar, foi muita emoção. Não esperava por esse encontro. Quando eu peguei no manto dela senti tudo porque Ela também é tudo na minha vida. Eu me senti ainda mais perto dela, foi um encontro com a minha Mãe. Eu pedi que ela me desse mais uma dádiva”, relatou a cadeirante.
GLÓRIA
Antes da última romaria, às 6h30, se deu início à cerimônia de Retorno da Imagem Original ao Glória, após a oração do terço. Nesse momento, a imagem de 28 centímetros, encontrada nas margens de um igarapé pelo caboclo Plácido, foi levada de volta a redoma de cristal que fica acima do altar-mor da Basílica Santuário de Nazaré. Para os fiéis, foi a última oportunidade de se encontrar com a Mãe de Nazaré frente a frente.
Por mais um ano, Joana Darc, 66, esteve presente durante a cerimônia de Retorno da Imagem Original ao Glória. Este ano, ela levou uma réplica da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré nos braços, para pagar uma promessa pela saúde da filha. Para ela, a cerimônia da subida proporciona uma forte conexão entre ela e Nossa Senhora de Nazaré. “Eu acompanho Nossa Senhora como posso, toda procissão eu estou. A subida ao Glória, então, eu não perco. Para mim, ver Ela ali é um sentimento muito grande e emocionante, a minha fé é muito grande em Nossa Senhora. Esse ano, eu vim para pagar uma promessa para minha filha, que ano passado ela estava bem doente. Descobriram que ela é diabética e estava com o corpo cheio de bolhas. Cheguei aqui em prantos para pedir pela saúde dela. Esse ano já é o contrário, só agradecimento”, contou a aposentada.