Irlaine Nóbrega
Criada em 1990, a Romaria das Crianças reúne milhares de pequeninos nas ruas de Belém no terceiro domingo de outubro. Por isso, muitos pais, familiares e a própria criançada vão pagar promessas, principalmente relacionadas à saúde, uma forma de agradecer pelo dom da vida.
Ana Luiza Nascimento, apresentou uma tosse incessante que, a priori, foi tratada como uma possível reação alérgica quando tinha três anos. Ela apresentou um quadro de urticária medicamentosa – uma alergia ao remédio –, em que manchas rosadas se espalharam pelo rosto da criança.
Encaminhada à urgência e emergência, Luiza foi medicada, dessa vez, para abrandar as placas na face. Como o medicamento não fez efeito, no final da tarde do dia 08 de junho, a equipe médica administrou uma dose mais forte do remédio que fez a menina apagar completamente, situação considerada, até então, como choque anafilático.
“Fomos direto para UTI porque ela apagou completamente. Quando chegamos, a pressão dela baixou muito, eles deram Adrenalina para reanimá-la e começaram o medicamento para ajustar a pressão dela porque não subia de jeito nenhum. Após isso, foram fazer os exames de raio-x e no sangue, em que mostrou uma infecção alta e pneumonia”, relatou Emilaine Costa, pedagoga e mãe de Ana Luiza.
Foram 4 dias na UTI e 8 no quarto do hospital, totalizando 12 dias fora de casa. A incerteza de uma resposta positiva levou Emilaine a pedir à Virgem de Nazaré que olhasse pela menina.
“Eu pensava que ia perder a minha filha. Naquele momento eu pedi para que Nossa Senhora fizesse que todo aquele quadro se revertesse, que ela respondesse positivamente ao tratamento, que eu a levaria no Círio das Crianças com uma bonequinha para que a gente caminhasse e agradecesse. Era um milagre que eu estava esperando e, de fato, no outro dia ela já começou a reagir positivamente aos medicamentos, tanto a pressão foi regularizada quanto a infecção diminuiu. Graças a Deus e à Nossa Senhora o quadro se reverteu e hoje ela está muito bem”, afirmou a pedagoga.
Para Emilaine, o amor de mãe personificado na imagem de Nossa Senhora de Nazaré esteve presente durante a intercessão da Virgem. “Mãe sabe tudo o que o filho precisa, tudo o que é necessário. Eu percebi que pedindo à Ela, que sempre foi muito próxima ao seu filho, com certeza, estaria próxima também a minha dor de mãe. Ela é intercessora, sabe todas as dores do filho, saberia também as dores que eu estava sentindo naquele momento e iria me ajudar. Não houve dúvida porque foi muito imediato, não só a questão da melhora dela, mas o conforto que eu senti naquele momento”, afirmou.
Aos três anos, Rihana Nascimento foi acometida por um forte desarranjo intestinal que abalou a saúde da menina. Sem saber mais o que fazer, a mãe, Erlane Jesus, levou a pequena a um pronto-socorro da capital, onde foi atendida e encaminhada para a internação.
“Ela chegou a ficar internada, furaram ela todinha, não acharam a veia dela. Furaram no pé, na mão, no braço, tudo quanto era lugar e não acharam veia, eu fiquei desesperada. Eles queriam raspar e furar a cabeça dela e eu falei “não, vocês não vão furar a cabeça da minha filha”. Eu falei que ia tirar ela de lá do hospital, assinei um termo e tirei ela de lá. Nunca descobriram o que era”, contou Erlane.
Sem respostas, foi nesse momento que Erlane recorreu a Nossa Senhora de Nazaré e pediu pela cura da filha. Após um mês de preocupações, Rihana finalmente apresentou melhora.
“Eu trouxe ela para casa e tratei ela com remédios caseiros, levei no posto e nada de passar. Ela ficou um mês assim. Eu fiquei agoniada e fui pedir ajuda para a Mãezinha. Pedi para Nossa Senhora, aqui em casa mesmo, que se deixasse a minha filha curada que ela iria sete vezes de anjinho tanto é que já está na terceira vez. Ela ficou boa, graças a Deus. Eu levo ela de anjo somente para agradecer pela cura”, disse.
Para a mãe de Rihana, não há dúvidas de que foi a intervenção da Virgem Maria que auxiliou no processo de cura da filha. “Eu corri muito atrás, corri pra tudo quanto foi lado e não consegui nada. Fui no médico, ela ficou internada e não conseguiu ficar boa. Por isso que eu tenho certeza que foi Ela que me ajudou. Quando eu corri para Ela, eu logo fui socorrida. É por isso que eu tenho certeza que foi Ela, não tinha como ser outra coisa”, afirmou a autônoma.
PROMESSA CUMPRIDA, SEM PROCISSÕES
Mesmo sem procissões, Erlane e o pai de Rihana foram cumprir a promessa feita com Nazinha. Ele foi andando do bairro da Terra Firme, onde moram, até a Basílica, enquanto ela levou a menina vestida de anjinho ao mesmo local, uma forma de não deixar de agradecer mesmo em meio às restrições. Por isso, esse ano a emoção é grande em rever a Santinha presencialmente e agradecer a graça alcançada de pertinho.
“Esse ano, então, está uma emoção muito grande porque a Rihana vem mais um ano como anjinha e eu tô muito feliz. Eu tô esperando chegar bem perto dEla para agradecer e a Rihana também poder fazer os agradecimentos dela”, disse Erlane.
Assim como Rihana, a prima, Luiza de Nazaré, de 7 anos, também acompanhará o Círio das Crianças vestida de anjinho. O traje se trata de uma promessa feita pela mãe da garota, que já não podia engravidar e tinha o desejo muito grande de ter uma menina. Depois de perder outros bebês e fazer tratamento para engravidar, finalmente veio a Luiza, que também ganhou o nome da Santa. Juntas, as meninas seguem os caminhos de Nossa Senhora no domingo do Círio infantil e agradecem pela saúde e o dom da vida.
CARROS
Entre as crianças, o Círio, realizado neste domingo, também será o momento delas agradecerem à Mãezinha do Céu. Mesmo tão pequena, Ana Luiza Nascimento, atualmente com 4 anos, afirma que já conhece a Mamãe do Céu. Seja porque já experimentou do seu amor ou ficou sabendo das histórias de fé, a menina deve aproveitar e pedir pela saúde de todos.
“Eu conheço a Mamãe do Céu. Eu rezo para ela todas as noites, eu agradeço por todos que a Mamãe do Céu é amor e carinho. Eu vou levar a bonequinha para agradecer a Mamãe do Céu pela minha saúde. Eu quero ver a Mamãe do Céu. [Eu vou pedir para] Mamãe do Céu dar saúde para todos, carinho, proteção solidariedade e felicidade também”, contou.
Para Rihana, estar no carro dos anjos significa um momento especial, em que ela pede as bênçãos de Nossa Senhora bem de pertinho. “Eu gosto de ir de anjinho. Quando eu tô no carro eu peço para Mamãe do Céu e o Papai do Céu abençoar porque eu fico vendo as pessoas. Eu peço para abençoar minha família, meus avós, minhas primas, meus primos, meus papais. Ela é boa pra gente, é maravilhosa pra gente”, afirmou a menina, atualmente com 6 anos.
Após dois anos sem a procissão, Luiza de Nazaré, 7 anos, quer rever Nossa Senhora nas ruas, quando quer pedir por bênçãos. “Eu faço de tudo para Ela abençoar a minha família. Eu gosto muito de ver a Santinha e quando eu vejo eu não quero sair de perto também. Eu sou muito agradecida por ter minha família que eu rezo todo dia. Eu peço muitas bênçãos para Ela. Quando eu vejo Ela é uma felicidade muito grande, é muito legal. No céu, eu consigo sentir que Ela está perto de mim. Então, quando eu vejo, eu fico muito emocionada”, disse.
SERVIÇO:
- Neste domingo (16), a Romaria das Crianças comemora a 30ª edição com o retorno às ruas do entorno da Basílica Santuário. A procissão saíra às 8h da Praça Santuário, logo após a celebração da missa presidida pelo Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, às 7h, também na Praça.
- A procissão segue pela avenida Nazaré, travessa 14 de março, avenida Governador José Malcher, travessa Doutor Moraes, retornando para a avenida Nazaré, com final na Praça Santuário. O percurso é de 3,7 km e deve ser feito em 2 horas. A expectativa é que 250 mil pessoas participem desta edição da caminhada.