TIRE SUAS DÚVIDAS

A história por trás das imagens original e peregrina da Virgem de Nazaré

Ao longo dos séculos, diversas formas foram criadas para exaltar a Mãe de Jesus, destacando suas virtudes e as aparições ao redor do mundo

Ao longo dos séculos, diversas formas foram criadas para exaltar a Mãe de Jesus, destacando suas virtudes e as aparições ao redor do mundo Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Ao longo dos séculos, diversas formas foram criadas para exaltar a Mãe de Jesus, destacando suas virtudes e as aparições ao redor do mundo Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

A devoção a Maria começou no início da caminhada da Igreja e permanece viva até hoje. Ao longo dos séculos, diversas formas foram criadas para exaltar a Mãe de Jesus, destacando suas virtudes e as aparições ao redor do mundo. Um dos títulos marianos mais antigos é Nossa Senhora de Nazaré, que remete ao período da infância de Jesus em Nazaré da Galiléia. Segundo a tradição, a primeira imagem de Maria foi esculpida em Nazaré, e é sobre essa história que nos propomos a contar, até chegarmos à Imagem Peregrina, venerada em Belém e levada em procissão durante o Círio.

A Primeira Imagem

De acordo com a tradição católica, São José, emocionado ao ver Maria amamentando o Menino Jesus, esculpiu uma imagem de Nossa Senhora, que posteriormente foi ornamentada por São Lucas. Essa imagem, entalhada em madeira e com 25 centímetros de altura, recebeu o nome de Nossa Senhora de Nazaré. Em 361, um monge chamado Ciriaco levou a imagem de Nazaré para Judá, onde foi entregue a São Jerônimo e, posteriormente, a Santo Agostinho, que a remeteu ao Mosteiro de Caulina, na Espanha. Em 712, durante um período conturbado, a imagem foi levada por um abade e um rei refugiado até uma ermida próxima a Portugal. Em 1179, pastores reencontraram a imagem, e a notícia se espalhou rapidamente, atraindo devotos, incluindo Dom Fuas Roupinho, irmão do rei de Portugal, Afonso Henrique. Em 1182, Dom Fuas recebeu uma graça por intercessão de Nossa Senhora de Nazaré e mandou construir uma ermida que hoje abriga o Santuário de Nazaré em Portugal.

A Devoção se Intensifica

Com o passar do tempo, a primeira ermida construída por Plácido tornou-se pequena para a quantidade de devotos, levando à construção de mais duas ermidas e, eventualmente, à matriz que conhecemos hoje. Ao redor da ermida, uma clareira se formou, atraindo moradores e comerciantes devido ao fluxo constante de romeiros. O movimento aumentava durante epidemias, que atingiam Belém. Em 1773, Plácido iniciou a construção de uma segunda ermida, mas faleceu antes de concluir as obras, confiando a tarefa a seu amigo Antônio Agostinho. Em fevereiro de 1773, Dom Frei João Evangelista Pereira visitou o Arraial e decidiu enviar a imagem a Portugal para restauração, solicitando também permissão da Rainha Dona Maria I e do Papa Pio VI para uma festividade em honra a Nossa Senhora. A imagem retornou a Belém em outubro de 1774, e uma procissão noturna acompanhou seu trajeto até a ermida.

Imagem Original

A descida da imagem do Glória é um dos momentos mais marcantes do Círio. Foto: Bruno Cecim/Ag. Pará

A imagem chamada de “Original” é uma escultura em estilo barroco, descoberta por Plácido José de Souza em 1700. Com 28 cm de altura, apresenta traços de uma senhora portuguesa e já passou por três restaurações. A primeira ocorreu entre 1773 e 1774, quando foi levada em procissão após sua restauração. A segunda, em 1846, também envolveu um retorno a Portugal. Há várias versões sobre como a imagem foi encontrada, com relatos divergentes sobre sua vestimenta. Em 1953, durante o VI Congresso Eucarístico Nacional, a imagem recebeu um manto e uma coroa pontifícia, ambos adornados com fios de ouro e pedras preciosas. Essa foi a primeira vez que a imagem saiu da Basílica desde sua transferência em 1920, e posteriormente, ela foi levada apenas em 1980, na visita do Papa João Paulo II, e em 1993, durante o Círio 200.

Imagem Peregrina

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré participará do 16º Círio de Nazaré no Rio de Janeiro, no período de 18 a 21 de julho. Foto: Ascom/DFN
A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré Foto: Ascom/DFN

Em 1968, atendendo ao pedido dos fiéis que achavam a imagem do Colégio Gentil muito diferente da original, o Pároco de Nazaré, Padre Miguel Giambelli, encomendou uma réplica para as procissões. O escultor italiano Giacomo Mussner foi encarregado da tarefa, com a condição de que Maria tivesse o rosto das mulheres amazônicas e o Menino Jesus, a aparência de uma criança indígena. A primeira réplica não foi aceita e foi doada a Bragança-PA. A segunda, que é a imagem peregrina atual, foi utilizada a partir do Círio de 1969. As cores e detalhes são semelhantes aos da original, com a principal diferença sendo o material da manta que cobre o Menino Jesus.

Imagem do Colégio Gentil

A origem da imagem do Colégio Gentil não é clara, mas sabe-se que pertencia às irmãs da instituição. Feita de gesso, seu estilo difere do original e foi utilizada no Círio entre 1920 e 1968, quando foi substituída pela imagem peregrina. Durante a quinzena da Festa de Nazaré, a imagem do Colégio Gentil ficava na Basílica, até que o Concílio Vaticano II determinou que não poderia haver mais de uma imagem do mesmo padroeiro no templo.