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Gerson Nogueira e o Re-Pa: 'Segredo para controlar o jogo'

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Segredo para controlar o jogo

Mesmo na era da informação abundante, do conhecimento acessível a todos, o futebol guarda lá seus caprichos e armadilhas, sendo que raramente premia times mentalmente fracos. As grandes decisões consagram os fortes de espírito, capazes de resistir a situações desfavoráveis e de superar adversidades que se impõem ao longo de 90 minutos.

É claro que estou me referindo a times que têm a mesma envergadura e se igualam em poderio técnico. Nesse aspecto, leva a melhor quem for mais capacitado a reagir a desafios que surgem inesperadamente. Nesse sentido, acostumar-se a uma situação nova – como a expulsão de jogadores do próprio time ou do adversário – requer preparo e condicionamento.

Nos últimos dias, os exemplos foram até didáticos, em meio a essa emocionante sequência de clássicos válidos por duas competições. Foi possível ver como as equipes se comportam quando sofrem duas expulsões e também quando se beneficiam disso.

Um PSC obstinado e organizado soube aproveitar a vantagem numérica no Re-Pa que abriu a decisão do Parazão, domingo passado. Diante de um Remo sem dois jogadores no 2º tempo, o time bicolor se impôs e conseguiu ampliar a vantagem no placar, chegando ao segundo gol.

Pela Copa Verde, na quarta-feira, foi a vez de o Remo desfrutar da mesma vantagem por cerca de 10 minutos. Atarantado, perdeu-se perdeu em movimentos erráticos, sem conseguir executar nem mesmo o primitivo recurso de avançar e sufocar o adversário. Tenso e inseguro, aceitou ser atacado e quase sofreu um gol no minuto final.

A rigor, não havia diferença entre os dois cenários. O único diferencial foi a capacidade de ser frio e objetivo na busca do resultado, demonstrada pelos bicolores. Essa condição plena só é possível atingir com muito treino, que torna as reações automáticas. Era como se o time esperasse por aquele momento, daí responder normalmente a ele.

Já os remistas não sabiam o que fazer, a não ser trocar passes sem objetivo. Não surgiu ninguém – em campo ou ali ao lado – para organizar as coisas, dar sentido às ações e indicar o caminho a ser seguido. Diante disso, a confusão se estabeleceu em passes errados. Aos poucos, a vantagem desapareceu, virou fumaça.

Está provado que o futebol não depende apenas do físico. Há espaço também para a elaboração mental. Não só no planejamento tático, mas na preparação dos atletas. Reações rápidas constituem a essência do jogo, qualquer jogo, mas devem ser estudadas e planejadas para que se tornem benéficas para o time, seja no ataque ou na defesa.

O paciente leitor deve ter observado que a coluna mergulhou em teorias, talvez até excessivamente. A questão é que o comportamento dos times é algo fascinante e decisivo demais para merecer tão pouca atenção de técnicos e preparadores. Anos atrás, Johan Cruyff escreveu a respeito da natureza anímica do futebol, tema mais sério (e atual) do que se pensa.

 

Desfalques podem fazer a diferença na final

Quando os times entrarem em campo, hoje, às 17h, quatro jogadores titulares estarão ausentes: Lucas Maia e Leandro Vilela, pelo PSC; e Paulinho Curuá e Nathan, pelo Remo. Os substitutos talvez não executem as mesmas tarefas, o que pode mexer bastante na estrutura e no desenvolvimento de jogo dos times.

No Papão, Leandro Vilela é o volante com maior capacidade de passe e construção de jogadas. É normalmente quem ajuda o meia Robinho no processo de transição e de abertura de espaços no campo adversário. O zagueiro Lucas Maia – que ainda é dúvida – deve ser substituído por Carlão, sem maiores problemas.

Do lado azulino, a ausência de Paulinho Curuá enfraquece a linha de marcação e combate à frente da zaga. O substituto natural é Henrique Vigia, que não tem atuado bem nas partidas recentes. A lateral esquerda deve ter Raimar no lugar de Nathan. É uma troca automática.

Dono de um conjunto mais afinado, o PSC conta com a vantagem de dois gols para ser campeão. O Remo, com baixa produtividade no ataque, precisa ser bastante ofensivo. Nos três clássicos disputados, só marcou uma vez. Hoje terá que marcar pelo menos dois gols, sem sofrer nenhum.

O provável trio ofensivo, com Kelvin, Ribamar e Sillas, tem boa movimentação, mas peca pelo excesso de erros na definição das jogadas. Ytalo, que entra no decorrer das partidas, é mais certeiro, mas não tem a desenvoltura e a capacidade de briga que Ribamar entrega.

Gustavo Morínigo vive esse dilema, que só será esclarecido uma hora antes do clássico decisivo. Marco Antônio, Kanu e Echaporã são alternativas para robustecer e tornar mais rápido o ataque. A conferir.

 

Bola na Torre

O programa começa às 22h, na RBATV, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Cobertura ampla da festa do título paraense da temporada, com entrevistas e análises da grande decisão. A edição é de Lourdes Cezar.

Uma conquista que engrandece a Tuna

A Tuna conquistou a I Copa Grão Pará na noite de quinta-feira, no Mangueirão. Para muita gente, parece um feito menor. Afinal, o torneio é uma espécie de filhote do Campeonato Estadual. Para a Lusa, porém, uma taça tem muito valor. E esta garante vaga na Copa do Brasil 2025.

Quando virou o marcador sobre o S. Francisco, tendo um homem a menos (o volante Renan foi expulso aos 5 minutos do 2º tempo), a Águia Guerreira fez a alegria de uma torcida que se espalha por toda a Amazônia. O feito também coroou a excelente campanha no Parazão.

De quebra, uma caprichada homenagem póstuma a um grande baluarte cruzmaltino: o médico e ex-presidente do clube Reinaldo Barros, falecido na terça-feira. Ele foi o presidente campeão brasileiro com a Lusa no ano da graça de 1985.