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Gerson Nogueira analisa overdose de Re-Pas: 'Doze dias para sacudir a massa'

Foto: Wagner Santana
Foto: Wagner Santana

Doze dias para sacudir a massa

Para quem associa futebol à paixão, uma sequência de quatro clássicos Re-Pa é algo sempre digno de comemoração. Até agora só um choque entre os rivais havia acontecido nesta temporada, no começo do Parazão. Terminou em 0 a 0 e com a expectativa de que se repetiria nas finais, como de fato se confirmou. Mais que isso: a semifinal da Copa Verde terá mais dois clássicos entre os maiores clubes da Amazônia.

O palco para confrontos dessa magnitude está pronto: o novo Mangueirão lotado vai receber as quatro decisões, entre 3 e 14 de abril. No ano passado, a sequência foi menor: dois jogos pela Copa Verde e um (atrasado) pelo Parazão, na reabertura do Mangueirão. Houve um quarto Re-Pa, mas dentro da Série C.

Paysandu e Remo chegam à decisão do Parazão após superarem Águia e Tuna, respectivamente. O Papão foi avassalador contra o Azulão, na Curuzu, no sábado à tarde. Sapecou um 4 a 0 inquestionável, que, como disse o técnico Hélio dos Anjos, poderia ter sido cinco ou seis.

O Leão foi cirúrgico diante da Tuna, ontem, no Mangueirão. Jogou com a instabilidade habitual no primeiro tempo, irritando o torcedor, mas controlando a partida. Na etapa final, após dificuldades no começo, mudou de postura e partiu para cima da Lusa. Fez 2 a 0, tomou pressão no final e saiu com a classificação assegurada.

Na contagem geral de pontos, a melhor campanha é a do Papão, com 83% de aproveitamento, contra 72% do rival. Invicto e líder absoluto, com 30 pontos, tem a melhor defesa (4 gols), divide o melhor ataque (23) com o Remo e tem o artilheiro do campeonato – Nicolas, com 10 gols. O Remo tem 26 pontos, 23 gols e a segunda melhor defesa (7).

O equilíbrio é a marca mais característica do choque entre os dois times. Não será diferente desta vez. Apesar da melhor trajetória bicolor no Parazão, a força da tradição e o duelo de torcidas fazem com que os clássicos não tenham um favorito.

Apesar de ter trocado de técnico, o Remo não demonstra ter sentido a mudança. Gustavo Morínigo está invicto após sete jogos – seis vitórias e um empate. O PSC tem em Hélio dos Anjos, que nunca perdeu o clássico, uma das forças de sustentação, desde a conquista do acesso à Série B no ano passado.

Tudo está em aberto, mas os bicolores perseguem uma marca histórica: o 50º título paraense. Por óbvio, os azulinos lutam para evitar que isso aconteça. A briga vai ser boa.

Leão supera perrengues para chegar à final

O jogo começou do mesmo jeito que os três anteriores (Amazonas, ida e volta, e Tuna, ida): o Remo acanhado, chutando a esmo e se preocupando mais em se defender do que em atacar. Nas arquibancadas, o torcedor justificadamente perdia a paciência a cada passe errado. As mudanças feitas no time por Gustavo Morínigo não surtiram o efeito desejado.

À beira do campo, Júlio César orientava o time a atacar, pois só a vitória convinha à Tuna. Já Morínigo era só preocupação com o comportamento errático do Remo, que nem parecia estar em vantagem na disputa.

Depois de algumas grandes defesas de Marcelo Rangel, evidenciando o poder de fogo da ofensiva tunante, o Remo foi disparar o primeiro chute (por cima) depois dos 30 minutos, com Kelvin.

Veio a etapa final e Morínigo fez a já habitual mexida na chave. Trocou Ribamar por Ytalo e Marco Antônio por Henrique, fazendo o time deixar a cautela de lado e partir para frente. Deu certo. Em 15 minutos, o Remo levou mais perigo do que em todo o 1º tempo.

Com as trocas de Sillas e Kelvin por Paulo Vítor e Ronald, o time ficou ainda mais ágil. Aos 24 minutos, Ronald foi à linha de fundo e descolou um cruzamento sob medida para Ytalo, que cabeceou para as redes – terceiro gol dele nas últimas três partidas.

A Tuna seguiu cruzando bolas na área e Marcelo Rangel fazendo das suas. Até que, aos 49’, Jaderson recebeu um belo passe de Pedro Vítor, ajeitou e chutou no canto esquerdo do gol de Iago Hass, fechando o placar.

O resultado de ontem fechou a semifinal com duas vitórias do Remo, mas o jogo de ontem teve números expressivos da Tuna. Mais tempo de bola, 60%, mais chutes a gol (11), escanteios (8) e ataques (80 a 64).

Sinais que respaldam o bom trabalho de Júlio César Nunes e que não devem ter passado despercebidos a Morínigo para a semifinal da Copa Verde, a partir da quarta-feira, 3.

Avassalador, Papão despacha o campeão Águia

Não houve muito tempo para o Águia se ambientar à Curuzu lotada. Logo aos 8 minutos, após passe de Jean Dias em jogada ensaiada, Leandro Vilela abriu o placar com um toque de categoria, encobrindo o goleiro Axel Lopes. O gol foi produto da insistência ofensiva do PSC, deixando o Azulão ainda mais desnorteado.

A pressão continuou e o Papão sentiu que cabia mais. Jean Dias (lesionado) foi substituído por Edinho, que já chegou cobrando falta com muito perigo. Aos 42’, também em bola erguida na área por Edinho, o zagueiro Lucas Maia subiu entre os zagueiros para marcar o segundo gol.

Logo após o intervalo, o lateral Alan Maia cometeu falta boba em Edilson dentro da área. Nicolas converteu o pênalti, fez 3 a 0 e chegou ao 10º gol. Sem demonstrar acomodação, o PSC seguiu no ataque e a recompensa veio aos 21 minutos: Carlão ampliou o placar, aos 21 minutos.

Com a vitória consolidada, Hélio dos Anjos substituiu alguns jogadores já visando a semifinal da Copa Verde. Nicolas, Biel e Vinícius Leite saíram, mas o time não recuou. Poderia ter ampliado o placar, mas a festa já estava definitivamente garantida nas arquibancadas.