PULANDO FORA

FPF se une a 18 federações e pede novo comando para a CBF

Em reação à instabilidade, 19 federações estaduais divulgaram nesta quinta-feira (15) um manifesto em defesa de uma chapa única na CBF.

Pouco mais de 50 dias após ter sido reeleito por unanimidade, Ednaldo Rodrigues foi novamente afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)
Pouco mais de 50 dias após ter sido reeleito por unanimidade, Ednaldo Rodrigues foi novamente afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Foto: Fifa

Pouco mais de 50 dias após ter sido reeleito por unanimidade, Ednaldo Rodrigues foi novamente afastado da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Em reação à instabilidade, 19 federações estaduais divulgaram nesta quinta-feira (15) um manifesto em defesa de uma chapa única para as novas eleições da entidade. Entre os signatários do documento está a Federação Paraense de Futebol (FPF), presidida por Ricardo Gluck Paul.

Intitulado “Manifesto pela Estabilidade, Renovação e Descentralização do Futebol Brasileiro”, o texto destaca a necessidade de uma nova gestão comprometida com modernização e autonomia.

“Precisamos de um calendário equilibrado, arbitragem profissionalizada, gramados de qualidade, segurança nos estádios e competições fortalecidas. Para que isso aconteça, é fundamental garantir estabilidade institucional à CBF”, diz o documento.
“O cenário exige uma renovação de ideias, de práticas e de lideranças. A CBF precisa ser exemplo de governança, eficiência e transparência”, completam os signatários.

Decisão judicial e novo interventor

A decisão de afastar Ednaldo Rodrigues foi tomada pelo desembargador Gabriel Zefiro, que também nomeou o vice-presidente da entidade, Fernando Sarney, como interventor responsável por convocar novas eleições “o mais breve possível”.

Embora ocupe a vice-presidência, Sarney é politicamente rompido com Ednaldo e não fez parte da chapa reeleita em março. Em nota oficial, ele afirmou que tomará todas as medidas administrativas e estatutárias necessárias para cumprir a decisão judicial, garantindo o funcionamento regular da CBF.

A decisão baseia-se em dúvidas sobre a legitimidade do acordo que permitiu a eleição de Ednaldo, especialmente quanto à assinatura do ex-presidente da CBF, Antônio Carlos Nunes (Coronel Nunes), no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público. Há suspeita de falsificação, já que Nunes estaria mentalmente incapacitado na época.

Supremo Tribunal Federal entra na discussão

O caso será novamente analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 28 de maio, na retomada do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7580. A ação questiona a competência do Ministério Público para firmar acordos com entidades esportivas, como o que garantiu a presidência de Ednaldo.

Histórico de instabilidade na gestão de Ednaldo

Desde sua posse em 2021 como interino, após o afastamento de Rogério Caboclo por denúncias de assédio, Ednaldo enfrentou diversas batalhas judiciais. Ele foi eleito oficialmente em 2022 e reconduzido ao cargo por decisão do ministro Gilmar Mendes, em janeiro de 2024, após uma liminar suspender seu afastamento anterior.

Em abril, buscou legitimar sua permanência ao negociar com clubes e federações uma nova eleição, firmando um novo acordo com o Ministério Público. No entanto, a disputa jurídica em torno da legalidade do TAC permaneceu.

Agora, com o novo afastamento e a nomeação de um interventor, a CBF vive mais um capítulo de instabilidade em sua cúpula. A articulação das federações por uma candidatura de consenso sinaliza a tentativa de romper com o ciclo de disputas judiciais e políticas que têm marcado a entidade nos últimos anos.