BELÉM 409 ANOS

Tradição e Sabores que estão nas esquinas de Belém

Descubra a gastronomia única de Belém, uma cidade criativa da gastronomia reconhecida pela Unesco desde 2015.

Belém possui a tradição dos lanches de rua, em trailers e calçadas, onde os clientes buscam sempre as opções diferenciadas e com tempero especial. Fotos: Antonio Melo
Belém possui a tradição dos lanches de rua, em trailers e calçadas, onde os clientes buscam sempre as opções diferenciadas e com tempero especial. Fotos: Antonio Melo

Belém é reconhecida como Cidade Criativa da Gastronomia desde 2015, sendo este um dos principais traços culturais do estado resumidos em sua capital. A perspicácia de empreendedores populares, aliada ao gosto dos consumidores por variar o cardápio do dia, torna a cidade um berço de novos experimentos e sabores, com o toque de ingredientes tradicionais.

Ao misturar receitas de outras partes do país e do mundo com sabores amazônicos, Belém se une a outras três cidades no Brasil e 246 no mundo que possuem o título de Cidade Criativa da Gastronomia – outorgado pela Unesco, um segmento da ONU que visa à preservação cultural.

Nas redes sociais, dicas com as melhores opções de comidas populares na capital paraense fazem sucesso entre os internautas. Existem vídeos que superam as 100 mil visualizações no TikTok, e o DIÁRIO foi conhecer algumas sugestões populares.

“É uma referência aqui, né? Tem muita referência, tem muita maionese e também os lanches são vários sabores, tem camarão, tem vários tipos de hambúrguer. O leitão daqui é o referencial de leitão. O pessoal gosta muito”, defende Daniela Santos, 49 anos, gerente do Oficina do Lanche, que fica em frente ao Polo Joalheiro, no bairro do Jurunas.

Ao todo, 15 funcionários trabalham no local, que tem 26 anos de história. As carnes, segundo a gerente, além de quase todo o material usado, são feitas de maneira artesanal, o que gera mais sabor ao produto. Para ela, 2025 é um ano importante, mas o público do Oficina já é consolidado.

“É um ano promissor, com certeza. Aqui, como você falou, é um lugar turístico, né? Sempre dá muita gente, mesmo com chuva, porque a gente já tem aquela fiel mesmo aqui, que já está todos os dias aqui. Fiel mesmo, que vem”, declara Santos.

Em outra parte do centro, no Umarizal, está situado o Lanche do Alex. O lanche mais tradicional do ponto é o cachorro-quente.

Em outra parte do centro, no Umarizal, está situado o Lanche do Alex.
Em outra parte do centro, no Umarizal, está situado o Lanche do Alex.

“São cachorros-quentes, principalmente de picadinho, que a gente faz aqui. Aí, como eu já vendo daqui há muito tempo e já é bem conhecido, as pessoas vêm e gostam do lanche porque é bem saboroso mesmo, bem temperado, bem bacana”, conta Alex Ribeiro, 48 anos, dono do ponto e responsável pela produção. “Tudo, tudo sou eu que faço. De manhã eu vou na feira, vou ao supermercado, compro tudo. Venho preparando desde manhã. O diferencial aqui é o tempero e o atendimento”. Ao todo, são 25 anos de Ribeiro trabalhando no mesmo local, na rua Domingos Marreiros.

PÁTIO

Há 35 anos, Paulo Ornellas era atendente em uma empresa no Terminal Rodoviário. Ele tinha o sonho de trabalhar por conta própria e ser dono de algo, então foi aí que decidiu montar um carrinho de lanches, que hoje funciona no pátio de sua casa e é reconhecido como um dos melhores pontos do bairro de São Brás.

“Tinha um rapaz aqui na esquina. Aí eu, para não arrumar ‘B.O.’ com ele, coloquei o meu carrinho na frente do supermercado na avenida Ceará, esquina da Nina Ribeiro. Só que lá eu não tava vendendo quase nada”, relata Ornellas.

Precisando fazer o negócio prosperar, ele decidiu conversar com o concorrente. “Eu estava para desistir, aí eu conversei com ele, perguntei se tinha problema de eu botar aqui na porta de casa, e ele disse: ‘Não, o rapaz bota aqui do meu lado e não muda nada. Eu já derrubei oito carros de lanche concorrentes aqui. Lá no meio do quarteirão, tu não vai influenciar nada’. Quando eu botei, já começou a vender, vender, vender. Aí, com o tempo, ele que saiu da esquina”.

O Lanche do Paulo fica na avenida Cipriano Santos, nos fundos do Terminal. “Eu, o seu Rosário, que está lá na Presidente Vargas, o Mário, da Vileta; a gente trabalha num ritmo antigo mesmo, que é fazer as coisas, ter trabalho. Os caras hoje em dia querem botar um carro de lanche e vão lá no supermercado comprar carne de hambúrguer, maionese e tudo pronto. Nosso é tudo artesanal. Por exemplo, a batata palha nossa é caseira, faz na hora”, comenta Paulo.

Belém possui a tradição dos lanches de rua, em trailers e calçadas, onde os clientes buscam sempre as opções diferenciadas e com tempero especial. Fotos: Antonio Melo

O Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes da capital estima que existam cerca de 800 carros de lanches espalhados por toda a Grande Belém, gerando emprego e renda para centenas de profissionais.