Belém desponta como o principal gerador de empregos formais no Pará em 2024, respondendo por cerca de 30% dos novos postos de trabalho criados no Estado, de acordo com o levantamento divulgado nesta segunda-feira (4) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese-PA), baseados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Os dados revelam que, entre janeiro e setembro deste ano, a capital paraense registrou 96.766 admissões e 82.812 desligamentos, alcançando um saldo positivo de 13.954 empregos. Esses números se destacam em um contexto de expansão econômica marcado por grandes obras estruturantes e o aumento da movimentação de turistas, especialmente em função da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 30.
“Quando a gente olha os dados da empregabilidade na capital paraense, é importante lembrar que nossa vocação é serviço e comércio. Belém ainda é o grande centro prestador de serviços que reúne as principais estruturas do ramo financeiro e educacional do Estado. Apesar do crescimento de outras regiões do Pará, Belém continua sendo a referência em diversos serviços”, explica o supervisor técnico do Dieese-Pa, Everson Costa.
Ele acrescenta que, o setor da construção também teve um desempenho significativo em 2024, devido a obras relacionadas à COP 30, que têm movimentado a economia local e gerado empregos acima da média. “De acordo com o governo, as obras de construção, de infraestrutura e logística da COP 30 ainda terão seu pico até o ano que vem. Então, já temos aqui um indicador que mostra que o setor da construção deve gerar ainda muitos empregos”, considera.
No balanço acumulado dos nove primeiros meses deste ano, em todo o Estado, no comparativo entre admitidos e desligados, aponta-se o crescimento do emprego formal, com 376.504 admissões, contra um total de 330.329 desligamentos, gerando um saldo positivo de 46.175 postos. Os meses mais positivos (saldos) foram: setembro (8.569), junho (7.976), fevereiro (7.200), abril (6.814) e julho (5.133); respectivamente, restam: agosto (4.851), maio (3.433), março (1.987) e janeiro (212).
SETORES
Segundo os dados deste ano, a movimentação do emprego formal em Belém nos setores econômicos de atividades tem o setor de serviços liderando as contratações, com 8.625 postos de trabalho criados de janeiro a setembro. Em seguida, a construção civil registrou um aumento expressivo, gerando 2.945 novos postos de trabalho, e comércio com a criação de 2.220 vagas; além do setor da agropecuária com saldo de 168 postos. Completando a lista, por outro lado, a indústria registra um saldo negativo, de menos 4 postos.
Embora negativa, o supervisor do Dieese salienta que as expectativas para a indústria são boas não apenas para este ano, mas também no ano que vem. “O cenário depende também das commodities, dólar, o cenário eleitoral mundial, também é observado as tensões e conflitos – que podem atrapalhar a parceria de exportação de vários produtos paraenses para o mundo –, o que acontece lá fora [no exterior], nos rebate”, considera. “Mas dentro da empregabilidade, hoje, o estado tem a condição de manter um ritmo de crescimento forte”, acrescenta.
Everson detalha que o principal setor, o de serviço, reúne as atividades que vão desde educação, saúde, escolares, ramo financeiro, cuidados com beleza, turísticas como bares, restaurantes, entre outros; e que essa renda gerada do setor de serviços também injeta possibilidade, de certa forma, na movimentação econômica nesse macro setor que é o comércio.
“Notadamente, por fatores conjunturais, e destacadamente as obras da COP 30 estão colocando uma empregabilidade acima da média para a capital paraense. E não vem só gerando emprego, mas também essa massa de salários potencializando serviço e comércio”, destaca o especialista sobre o terceiro maior setor, o da construção.
Ele explica, ainda, que a realização da COP 30 tem acelerado investimentos e transformado Belém em um “grande canteiro de obras” – seja por obras estruturantes ou de investimento privado –, impulsionando a contratação e fortalecendo os demais setores. Afinal, são milhares de turistas previstos para o evento e isso reflete diretamente em contratações nos setores de hotelaria e culinária, além de logística, com os transportes precisando se estruturar para a demanda.
CONTRIBUIÇÕES
O supervisor enfatiza que a qualificação profissional não está direcionada apenas para a COP 30, mas a grande oportunidade de Belém ter mais uma divisa econômica forte, que é o setor do turismo. E que não só os equipamentos sejam entregues como legado, mas para que seja mantida uma rotina de turistas visitando a cidade, que vai além, ainda, do Círio de Nazaré.
Já que a proximidade da festividade religiosa e o início do segundo semestre também exerceram influência direta na economia local, segundo Costa. Onde Belém ganha muito em atividade econômica e oportunidade de emprego nestes períodos, com uma série de serviços e o comércio vendendo. “Durante o Círio muita gente nos visita. As estimativas foram de que cerca de 90 mil turistas estiveram aqui e 180 milhões de reais foram injetados na economia”, relembra. “Agora mesmo a entrada do 13º [salário], que também agita essa economia e favorece esse cenário. Logo mais a Black Friday e festas de final de ano; mas, particularmente, a COP 30 tem dado sim esse retorno”, avalia sobre o cenário positivo.