Wesley Costa
Um espaço com 44 hectares e que deveria servir para promover a educação ambiental, recreação e lazer da população belenense, encontra-se em estado de abandono. Criado pela Lei Municipal nº 7.539, de 19 de novembro de 1991, o Parque Ecológico do Município de Belém “Gunnar Vingren” era também para ser uma área de proteção ambiental e de desenvolvimento do conhecimento científico. Porém, há anos o parque está fechado.
No site da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), consta que o local é um fragmento de floresta nativa e que sua área se estende entre dois bairros: Val de Cans e Marambaia. O parque ecológico que possui diferentes ecossistemas como várzea, terra firme e igapó, não apresenta condições adequadas para visitação devido a sua estrutura física estar comprometida, assume o órgão.
“Esse abandono total está há 16 anos. Todo dia vemos pessoas descarregando lixo e entulhos aqui e não é possível que ninguém veja isso. Vale lembrar que ele é um parque instituído por lei municipal, diferente de muitos outros. Aqui, era para as universidades estarem pesquisando e a população visitando para conhecer mais sobre o meio ambiente. É um absurdo ver essa área com grande potencial e importância tão abandonada”, diz Flávio Trindade, um dos coordenadores do Guardiões e Amigos de Parques Ecológicos (GAPE), uma entidade sem fins lucrativos.
Por se tratar de uma floresta nativa, Flávio lembra que existem diversos tipos de plantas e animais que necessitam dessa proteção. “Para se ter uma ideia, aqui temos plantas com alto poder medicinal como aquelas antiinflamatórias. Aqui também está um dos últimos berços nativos de macacos de cheiro. Fora isso, é uma floresta que está no corredor que protege a cidade das fortes ventanias. A gente sempre vê interesse e boas ideias sendo levantadas pelo governo estadual, mas quando chega na parte da prefeitura é uma mentalidade arcaica e nada é resolvido”.
Nas duas entradas do parque já é possível perceber o estado de abandono. Na principal, localizada de frente para a avenida Centenário, a estrutura que abriga Guardas Municipais está destruída e servindo de abrigo para pessoas em situação de vulnerabilidade. No portal de entrada situado no bairro do Médici II, as condições também são precárias. Até mesmo uma grade foi levada do espaço.
“Quando isso foi inaugurado era uma maravilha. As famílias e amigos se reuniam nos finais de semana. Tínhamos um igarapé muito bonito e era o nosso espaço de lazer, mas tudo foi acabando com o tempo e agora ninguém sabe que isso existe. São anos e anos de abandono e, realmente, seria muito bom se voltasse a funcionar como antes”, disse o aposentado Antônio José Chaves, 75, que há 40 anos mora a poucos metros do parque.
O engenheiro florestal e membro do GAPE, Pedro Paulo Lima, diz não ter tantas expectativas para rever o parque funcionando em pouco tempo. “Estamos bem próximos da realização da COP-30. Imagine a vergonha que será receber visitantes do mundo e encontrarem uma área nativa no centro da cidade desse jeito? Por mais que iniciem o trabalho agora, não há como recuperar todos os danos em apenas dois anos. Então, é preciso uma ação grande e a longo prazo para reverter esse prejuízo do descaso público”.