Grande Belém

Goeldi usa tecnologias sociais para atender a comunidade e divulgar ciência

O Museu Goeldi tem espaços e projetos que estimulam e promovem o saber científico. Foto: Alberto Bitar
O Museu Goeldi tem espaços e projetos que estimulam e promovem o saber científico. Foto: Alberto Bitar

Soluções diversas para problemas diversos, como: estimular o envolvimento de estudantes na prática científica na cidade ou em vilas rurais no entorno da floresta; resgatar e compartilhar línguas indígenas em risco de desaparecer; promover trocas de informação entre arqueólogos e ceramistas; estimular o preparo e o consumo de alimentos saudáveis com comunitárias; restaurar matas queimadas com técnicas desenvolvidas em conjunto com comunitários de reservas extrativistas; e estimular o encontro de saberes em processos de curadoria e apoio à criação de artesãos baseado nas coleções científicas. Essas são experiências que o Museu Paraense Emílio Goeldi e seus parceiros irão compartilhar no 1º Encontro de Tecnologia Social da Amazônia (@tsamazonia), entre os dias 21 e 25 de novembro, em Belém.
O objetivo do evento é estabelecer um fórum regional de discussões sobre tecnologias sociais e estruturar o Observatório de Tecnologia Social da Amazônia, uma plataforma livre e independente que vai contribuir com os pesquisadores e atores sociais na ampliação do conhecimento e na divulgação científica sobre o assunto, a exemplo do que já vem sendo realizado pelo o Observatório de Tecnologia Social do Museu Goeldi.
As tecnologias sociais são consideradas tecnologias reaplicáveis e livres de patentes, que unem conhecimento popular e conhecimento científico em busca de soluções para problemas de grupos vulneráveis. Essas soluções são chamadas de “soluções sociotécnicas”.
As tecnologias podem ser processos, métodos ou produtos cujo objetivo é atender as necessidades e demandas concretas da sociedade. E também são geradoras de transformações sociais e de inovação.
A transformação e a inovação são alguns dos principais elementos inseridos nas quatro dimensões que estabelecem o conceito de Tecnologia Social (TS), de acordo com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Até este momento, o Museu Goeldi já identificou e registrou nove tecnologias sociais oriundas de suas práticas em parceria com comunidades. Elas foram desenvolvidas ao longo de anos, como resultado das atividades de pesquisa, educação, extensão e comunicação realizadas pela instituição. São soluções para desafios enfrentados nos trabalhos com comunidades de perfis variados.
O 1º Encontro de Tecnologia Social da Amazônia será realizado no campus da Perimetral e divulgado pelas mídias sociais do Goeldi.

TECNOLOGIAS SOCIAIS NO MUSEU GOELDI

Clube do Pesquisador Mirim – Atuante desde 1997, o Clube do Pesquisador Mirim aproxima crianças do 4° ao 9º ano do ensino fundamental e adolescentes do 1º e 2º ano do ensino médio de escolas públicas e privadas da região metropolitana de Belém das pesquisas desenvolvidas no Museu. Os pesquisadores mirins têm a oportunidade de acompanhar as pesquisas e ter contato com as diferentes metodologias científicas.

Olimpíadas de Ciências de Caxiuanã – As Olimpíadas de Ciências da Floresta Nacional de Caxiuanã promove ações educativas em formato de gincana de ciência, contribuindo para a educação científica e ambiental, esportiva e cultural de estudantes, professores e comunitários de 17 vilas rurais que convivem cotidianamente com a Flona de Caxiuanã, localizada entre dois municípios na Ilha do Marajó, e onde está sediada a Estação Científica Ferreira Penna do Museu Goeldi. As Olimpíadas acontecem anualmente desde 2001.

Feira de Ciências de Caxiuanã – Com edições anuais, a Feira de Ciências das Escolas da Flona de Caxiuanã estimulam escolares a desenvolver e compartilhar projetos de pesquisas, que são apresentados em eventos interativos entres escolas e vilas. Uma tecnologia social em atividade desde 2001 que mobiliza para a troca entre o conhecimento científico e o saber local das comunidades.

Dicionário Multimídia de Línguas Indígenas – Proposto pela equipe de Linguística Indígena da Coordenação de Ciências Humanas do Museu Goeldi, o projeto realiza um trabalho de resgate de línguas indígenas. A equipe desenvolve dicionários multimídia acessíveis por computador e um óculos de realidade aumentada, possibilitando o aprendizado na língua aos indígenas e aos não indígenas o conhecimento da riqueza linguística da Amazônia.

Replicando o Passado – Como resultado da proposta de compartilhar o conhecimento salvaguardado na Reserva Técnica da Arqueologia do Museu Goeldi, o projeto “Replicando o Passado” promove a troca e o compartilhamento de saberes entre arqueólogos e os ceramistas da Vila de Icoaraci, em Belém. Os ceramistas têm a possibilidade de estudar e reproduzir peças originais de diferentes tradições encontradas no Pará e, no processo de produção, os arqueólogos observam e trocam informações sobre a arte do fazer, iluminando pontos sobre a produção milenar desses objetos. A TS oferece ao MPEG uma possibilidade de divulgar seu acervo e aos ceramistas a qualificação de sua produção e geração de renda.

Gastronomia Inteligente – O projeto de desenvolvimento comunitário é fruto da relação de décadas do Museu Goeldi com comunitárias do bairro da Terra Firme, em Belém. Surgiu como ferramenta para problemas de segurança alimentar, chamando atenção para o potencial nutritivo de alimentos descartados no dia-a-dia. O objetivo do projeto é educar e conscientizar a população sobre o preparo e o consumo de alimentos saudáveis, promovendo oficinas, organizando cardápios, realizando palestras e rodas de conversas sobre alimentação sustentável e criativa.

Museu de Portas Abertas – Museu Goeldi de Portas Abertas é um projeto que mobiliza toda a comunidade da instituição (pesquisadores, bolsistas, servidores, voluntários e terceirizados) para uma ação em larga escala. Durante quatro dias são realizadas visitas, exposições, palestras, apresentações de trabalho e outras ações nas instalações do Museu Goeldi para atender escolas públicas, estudantes de todos os níveis de ensino e o público mais amplo. É um processo de socialização do conhecimento científico produzido no Museu Goeldi.

Floresta Social (Restaurando a Mata) – Tecnologia Social que apoia grupos comunitários de reservas extrativistas na Amazônia a restaurar áreas queimadas de floresta com plantio de espécies florestais de valor cultural, social e econômico.

Espaço Goeldi – Pensado como estímulo ao processo de produção artesanal e artístico baseados nas coleções científicas do Museu Goeldi – MPEG, o Espaço Goeldi promove o encontro de saberes entre cientistas, artesãos, designers e artistas no desenvolvimento de ações de curadoria e apoio à criação de artesanatos, moda, joias, bijuterias, postais e objetos de arte.