Agentes de diferentes órgãos que compõem o Sistema de Segurança Pública no estado e estão envolvidos em todas as ações que irão garantir a tranquilidade para romeiros e visitantes durante o Círio de Nazaré relatam que o momento é de trabalho e também de devoção.
A “Operação Círio 2023” contará com a presença de mais de 12 mil agentes das forças de segurança pública estadual, municipal e federal, além de órgãos parceiros, em diferentes ações desenvolvidas desde quarta-feira (04), até o próximo dia 24, quando finalizam todas as atividades da quadra nazarena. A operação contará também com mais de 1.500 viaturas, motocicletas e tropa montada, para assegurar maior vigilância e policiamento nas vias da capital do estado.
Roberta Rossy é agente de fiscalização do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), e conta que a experiência de viver o Círio, durante sua jornada de trabalho, a fez testemunhar os milagres de Nossa Senhora de Nazaré.
Em 2011, enquanto a servidora trabalhava no fechamento de algumas vias de Belém para a passagem da imagem da padroeira dos paraenses, foi avisada de que um amigo fora atingido por um disparo de arma de fogo. “Ouvimos a notícia de que um amigo havia levado um tiro e estava correndo risco de vida”, relembra. No mesmo instante, a berlinda passava em sua frente.
“Nossa Senhora estava passando na Trasladação bem onde estávamos. Fui mais à frente e pedi a ela que intercedesse pela vida desse grande amigo e que fosse feita a vontade do Senhor”. Roberta conta que, cerca de duas horas depois, recebeu a notícia de que o colega estava bem.
Outro momento, que Rossy avalia como singular, ocorreu na procissão Rodoviária em 2015, quando seria a primeira vez que em que ela atuaria nesse percurso do traslado. Segundo ela, que sempre trabalhou durante o Círio, um sentimento de que naquele ano as coisas seriam diferentes a preenchia.
“Eu tive um aborto. Aquela situação me deixou muito triste e passei a frequentar mais a adoração ao Santíssimo Sacramento, na Basílica de Nazaré. No dia da adoração da família, eu perguntei para Jesus: ‘para eu formar a minha família, eu preciso de um filho, será que ele vem? Se for da Tua vontade, que ele venha, mas se não, a gente aceita’. Quando o Santíssimo veio para fazer uma volta no meio da igreja, o padre falou que alguém perguntou se iria engravidar. ‘Calma que a sua hora vai chegar’, disse o sacerdote. Eu me ajoelhei e foi muito emocionante”, relata Roberta.
Quando a procissão rodoviária chegou na Igreja de Nossa Senhora das Graças, em Ananindeua, a servidora afirma que teve certeza de que um milagre aconteceria na vida dela: um filho estava a caminho. “Eu senti uma pontada na barriga. Nesse momento eu disse: ‘Meu filho, se você estiver aí, aguenta mais um pouco que ainda tem muita procissão pela frente’. Depois de duas semanas, descobri que estava grávida do meu filho que hoje tem sete anos”, revela, emocionada.
Para Rossy, a procissão rodoviária é uma oportunidade para muitos devotos verem a imagem peregrina de perto. “Passamos por diversos locais onde as pessoas têm a chance de ver a Nossa Senhora, que talvez não teriam em outro momento”, avalia Roberta.
VISITA
O servidor da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), Dimitri Queiroz, que trabalha no acompanhamento das casas penais, acredita que a força da imagem de Nossa Senhora transcende a caminhada nas ruas e descreve o impacto que a visita da imagem às unidades penais possui.
“Quando se falava da visita da imagem, a atmosfera mudava completamente. Quando a santa passava pelos pavilhões, todos os homens ficavam calados, ajoelhados e rezando. Até os que não professavam a mesma fé ficavam quietos”, detalha.
“As pessoas têm uma visão ruim, hostilizada, marginalizada, de quem está dentro das unidades penais. Como se aqueles homens tivessem se esquecido de Deus. Mas quando eles veem Nossa Senhora, desmancham como crianças, de tanta emoção”, lembra Queiroz.
Dimitri explica que um dos internos soluçava porque recordava de acompanhar a avó, quando era mais novo, na procissão. “Uma dessas idas, era um promessa de saúde da família. Ele disse que conseguiu caminhar e sentiu uma paz indescritível, porque tinha esse elo muito forte com a avó. Ele apenas se ajoelhou na frente da imagem e chorou bastante”, afirma.