Pela primeira vez na história do Círio de Nazaré, a corda, um dos símbolos mais importantes das principais procissões, tem matéria-prima e fabricação inteiramente paraenses. O artigo religioso foi confeccionado pela Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), no nordeste paraense e entregue pelo governo estadual à Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) nesta quarta-feira, 13. Um dos principais símbolos do Círio foi apresentado nesta manhã em Castanhal, onde ela foi confeccionada. Agora, segue para ser apresentada em Belém ainda nesta quarta.
Mais de uma tonelada de fibra de malva cultivada por agricultores de mais de 20 municípios entre as Regiões de Integração (RI) Guamá e Guajará foram usadas durante o processo de fabricação. Desde o plantio da semente, o cultivo, e a colheita final, tudo ocorreu em solo paraense. A CTC é apoiada pelo Governo do Pará por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineral e de Energia (Sedeme).
A corda tem entre 800m e 830m de comprimento, e 50 milímetros de diâmetro. Dividida em duas partes iguais de 400 metros, terá os trechos usados na Trasladação e na procissão do segundo domingo de outubro. A peça já será entregue adaptada às estações de metal que auxiliam no traslado das berlindas durante as romarias, e ficará guardada no local da entrega até o dia da vistoria pela DFN, marcada para 23 de setembro no colégio Santa Catarina de Sena.
O secretário adjunto da Sedeme, Carlos Ledo, explica que a malva é conhecida por ser bem mais resistente do que o sisal, e ainda que foi usada em produções anteriores.
”A corda este ano vai estar 10% mais resistente. E o melhor, fabricada por mãos paraenses. As famílias envolvidas na produção da matéria-prima estão se sentido totalmente inseridas no Círio de Nazaré, isto é muito gratificante para nós”, avalia o gestor.
A corda passou a fazer parte do Círio em 1885, quando uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla desde próximo ao Ver-o-Peso até as Mercês, no momento da procissão, fazendo com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la. Os animais então foram desatrelados e um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis puxassem a berlinda. Desde então, foi incorporada às festividades e passou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os fiéis.