Cintia Magno
A relação não saudável com as tecnologias, seja pela situação de dependência do uso de smartphones ou mesmo de jogos eletrônicos e videogames, pode dar sinais de alerta que precisam ser observados para que haja uma intervenção célere a fim de prevenir o desenvolvimento de quadros mais graves.
As psicólogas clínicas e colaboradoras do Grupo de Dependências Tecnológicas do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (Pro-Amiti) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Carla Cavalheiro Moura e Carolina Thans Bartolomeu consideram que é importante ficar atento a alguns sinais no comportamento e de como a pessoa está emocionalmente.
“Alguns critérios que o CID 11, que é Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde cita para o quadro de uso abusivo de jogos eletrônicos são: Apresentar uma dificuldade no controle do ato de jogar, não conseguindo determinar frequência, duração ou término; colocar o jogo como uma prioridade em relação a outras áreas da vida como familiar, estudos e trabalho; e mesmo diante de consequências negativas, manter o padrão de jogo”, enumeram. “No geral, o distúrbio do jogo eletrônico é caracterizado por um padrão de comportamento de jogo recorrente, que causa prejuízos na vida da pessoa, afetando as esferas social, de lazer, familiar, estudo e trabalho”.
Outro aspecto importante a se considerar, segundo as psicólogas, é observar se o jogo tem uma função de aliviar o humor negativo. “A pessoa busca o jogo como uma forma de se animar e aliviando sentimentos como tristeza, raiva e ansiedade. Ou seja, não é o simples fato de jogar por algumas horas, mas o quanto isso impacta a qualidade de vida do indivíduo”, consideram. “A dependência de jogos eletrônicos é a única que tem a classificação oficial. A dependência tecnológica e de smartphone (nomofobia) não são oficiais”.
Para dependência tecnológica, Carla Cavalheiro Moura e Carolina Thans Bartolomeu apontam que é possível considerar:
Preocupação excessiva com a Internet;
Necessidade de aumentar o tempo gasto online para alcançar a mesma satisfação;
Esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet;
Irritabilidade, depressão ou instabilidade de humor quando o uso da Internet está limitado;
Permanecer mais tempo online do que o programado;
Colocar o relacionamento, a escola ou o trabalho em risco pelo uso da Internet;
Mentir para os outros sobre o tempo gasto na rede;
Usar a Internet para escapar de problemas ou regular o humor.
Já em relação à nomofobia, a dependência tecnológica e de smartphones, as psicólogas destacam:
Uma incapacidade de desligar o telefone;
Verificar de maneira obsessiva chamadas não atendidas, e-mails e mensagens;
Ficar continuadamente preocupado com a duração da bateria;
Mostrar-se incomodado de ir a lugares onde o telefone celular não funciona corretamente ou sentir-se mal quando o telefone estiver sem sinal.
Tremores, tontura, sudorese, falta de ar, taquicardia e náuseas.