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Covid-19 - Doença ainda é ameaça e preocupa 

Crédito: Freepik
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Cintia Magno

A condição ainda vigente de uma pandemia causada pela circulação do vírus SARS-CoV-2 não deixa esquecer as enormes dificuldades enfrentadas antes que se conseguisse desenvolver uma vacina que ajudasse a controlar a disseminação do vírus. Desde que os primeiros casos de Covid-19 foram registrados em todo o mundo, a doença causou um impacto sem precedentes em todos os países no cenário recente.

Dados do Relatório Estatísticas Mundiais de Saúde 2023, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que até março deste ano havia mais de 759 milhões de casos confirmados de Covid-19 e quase 6,9 milhões de mortes pela doença registradas globalmente, sendo que, segundo alerta a própria OMS, o verdadeiro número de vítimas da pandemia de Covid-19 deve ser significativamente maior. Estima-se que a sequela deixada pela pandemia foi de quase 1,5 milhão de mortes em excesso, somente nos anos 2020 e 2021.

Mestre em Saúde na Amazônia pelo Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (UFPA), o médico infectologista Bernardo Porto Maia lembra que a pandemia da Covid-19 ainda é uma realidade e, naturalmente, motivo de preocupação. Mas, mais do que isso, no atual cenário em que se encontra, a pandemia é capaz de deixar, também, importantes lições para a sociedade de uma maneira geral. “A gente saiu da situação de emergência em saúde pública mundial, mas a pandemia ainda é vigente e deixa, ou pelo menos deveria deixar, inúmeras lições”, considera.

“Desde que a gripe é uma doença que pode ser letal e que, por isso, a gente precisa respeitar o período de isolamento, as precauções de contato e precauções respiratórias, o uso de máscaras, principalmente por pessoas imunocomprometidas ou que usam medicamentos imunossupressores e, ainda, por pessoas que estão com sintomas respiratórios sugestivos de uma síndrome gripal”.

Prevenção por meio das vacinas é fundamental 

O médico infectologista Bernardo Porto Maia destaca que a experiência vivenciada com a Covid-19 também deixa lições fundamentais para a gestão em saúde pública. “Uma vez que sabemos que epidemias e pandemias fazem parte da história da humanidade e, de forma cíclica, tornam a acontecer, a gente precisa ter uma estratégia de saúde pública para uma resposta rápida tanto em acesso a diagnóstico precoce, quanto a novas terapêuticas possíveis e medidas de prevenção. E quando a gente fala de infecções respiratórias é impossível a gente não destacar a principal arma de prevenção como sendo as vacinas”, chama a atenção.

“Ainda sobre as lições e as preocupações que a pandemia da Covid-19 trouxe, essas sequelas após um episódio agudo de Covid-19, a chamada Covid Longa, que tanto incomodam alguns pacientes, ainda são motivo de estudos, de ensaios clínicos. A gente não tem todas as respostas, mas sim, com certeza, elas são mais um marco negativo que a pandemia deixa para alguns e a gente vem tentando aprimorar as tecnologias e a ciência para a condução crônica desses casos que, eventualmente, não terão uma cura para esses sintomas, mesmo após a cura da doença viral aguda”.

PERGUNTAS E RESPOSTAS 

A COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e tem como principais sintomas febre, cansaço e tosse seca. Outros sintomas menos comuns e que podem afetar alguns pacientes são: perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas.

Como o vírus se espalha?

O vírus causador da Covid-19, o SARS-CoV-2, pode se espalhar através de pequenas partículas líquidas que saem da boca ou nariz de uma pessoa infectada quando ela tosse, espirra, fala, canta ou respira. Nesse sentido, uma pessoa saudável pode ser infectada quando aerossóis ou gotículas contendo o vírus são inalados ou entram em contato direto com os olhos, nariz ou boca. As evidências disponíveis atualmente sugerem que o vírus se espalha principalmente entre pessoas que estão em contato próximo umas com as outras, normalmente dentro de 1 metro (curto alcance).

O que é a síndrome pós-Covid?

A síndrome pós-Covid-19 se refere aos sintomas de longo prazo que algumas pessoas experimentam depois de terem Covid-19. Enquanto a maioria das pessoas que desenvolvem essa doença se recupera totalmente, algumas desenvolvem uma variedade de efeitos de médio e longo prazo, como fadiga, falta de ar e disfunção cognitiva (por exemplo, confusão, esquecimento ou falta de foco e clareza mental). Algumas pessoas também experimentam efeitos psicológicos. Esses sintomas podem persistir desde a fase inicial da doença ou se desenvolver após a recuperação.

Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

VACINAÇÃO

É inegável o grande impacto que as vacinas contra a COVID-19 tiveram na redução da morbimortalidade da doença. Desde o início da 1ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19, em janeiro de 2021, se observou uma queda importante das internações e dos óbitos por pela doença nas diferentes faixas etárias, à medida que se avançou na vacinação. Ainda hoje, a vacinação continua sendo a melhor forma de se prevenir contra quadros graves da doença, na medida em que, quando infectada pelo vírus, a pessoa vacinada consegue combatê-lo rapidamente, pois já tem imunidade contra ele e, assim, evoluirá de modo assintomático ou com doença leve (maioria dos casos). As vacinas estão disponíveis, de forma gratuita, nos postos de saúde em todo o Brasil.