Grande Belém

Belém registrou 142 mortes no trânsito; veja ranking das imprudências

Os descontos no pagamento do imposto sobre veículos podem chegar a 15% do valor total. Confira quando iniciam os pagamentos Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Os descontos no pagamento do imposto sobre veículos podem chegar a 15% do valor total. Confira quando iniciam os pagamentos Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Diego Monteiro

Não é de hoje que o DIÁRIO tem exposto os diversos flagrantes de imprudências cometidos por motoristas e motociclistas pelas ruas da cidade. Para entender melhor a gravidade do problema, a Prefeitura de Belém elaborou um ranking das principais causas que resultaram em acidentes na capital: manobra irregular, excesso de velocidade, desrespeito à preferencial e frear bruscamente.

Através da análise do Relatório Estatístico de Sinistros de Trânsito, verificou-se que em 2021 ocorreram ao todo 10.315 ocorrências, resultando em 116 óbitos. No ano seguinte foram 10.399 acidentes, levando à morte de 142 pessoas. Essas informações confirmam que 90% dos sinistros ocorrem devido a falhas humanas, aponta o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).

Outro dado preocupante é que os motociclistas são as principais vítimas no trânsito. Embora tenha havido uma queda nas ocorrências entre 2021 e 2022, de 3.399 para 2.906, respectivamente, observou-se um aumento de 27,27% no número de mortes. No ano retrasado, 55 motociclistas perderam suas vidas, enquanto que no ano seguinte esse número subiu para 70 óbitos.

Pelas ruas de Belém as reclamações são constantes. “Se eu for contar todos os absurdos que eu passo diariamente nesse trânsito, teríamos que marcar um final de semana inteiro”, afirma Caio Lobato, 22, entregador. “É comum não respeitarem o semáforo e nem mesmo as sinalizações verticais, dobrando em locais proibidos. Perdi as contas de quantas vezes me fecharam”, completa.

“Todos sabem, por exemplo, que quem está na avenida Duque de Caxias, sentido Centro de Belém, não pode dobrar na travessa Lomas Valentinas e a sinalização está visível para todos. Mas não adianta, pois, qualquer tipo de aviso é ignorado e os ciclistas e pedestres ficam à mercê dos riscos, além de atrapalhar o trânsito por pura preguiça de andar 500 metros para fazer o retorno”, frisa Caio.

DESRESPEITO

A reportagem voltou às ruas, na tarde de ontem, e presenciou novamente diversas manobras irregulares durante a tarde de ontem, sobretudo, excesso de velocidade, estacionamento em calçadas e ciclofaixas, motociclistas sem capacete ou com passageiros em excesso, além de condutores de automóveis utilizando o celular ao volante e sem o cinto de segurança.

É comum encontrar ainda motociclistas que usam a faixa de pedestres para atravessar, colocando em risco a segurança de crianças e idosos. Aliás, os pedestres ficaram em segundo lugar como principais vítimas do desrespeito, saltando de 301 para 356 ocorrências e de 33 para 38 os casos de mortes (2021 e 2022). Os ciclistas figuram em quarto lugar e o condutor em quinto.

Marcilei Moraes, 53, relata as dificuldades enfrentadas diariamente: “Ainda pouco eu estava andando pela calçada quando me deparei com um carro estacionado no meio do caminho. Para conseguir seguir viagem, tive que acessar a pista, ou seja, precisei me arriscar em uma via de grande fluxo de automóveis, pois o local que era para estar livre para a minha passagem estava comprometido”.

A falta de respeito no trânsito afeta especialmente as pessoas com deficiência. “Imagine que, se nós que temos mais facilidade para locomoção já ficamos com toda essa dificuldade por conta da falta de respeito de outros, imagine para quem está numa cadeira de rodas ou tem a visão comprometida? Eu mesmo já ajudei muitos nessas condições e a dificuldade é grande”, conclui Marcilei.