Grande Belém

Frota de motos circulando em Belém aumentou 85% em dez anos

O crédito no valor de R$ 20 mil para cada profissional será utilizado na compra do veículo e aquisição de equipamentos de segurança. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará
O crédito no valor de R$ 20 mil para cada profissional será utilizado na compra do veículo e aquisição de equipamentos de segurança. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará

Diego Monteiro

Barata e econômica. Essas são as principais características que têm tornado a moto a principal opção de transporte de muitos paraenses. Segundo dados compilados pelo DIÁRIO junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), a frota de motocicletas em Belém cresceu 85% nos últimos anos, saltando de pouco mais de 80 mil unidades em 2013 para quase 150 mil só na capital em 2023.

Especialistas afirmam que, em 2021 e 2022, a pandemia da Covid-19 intensificou ainda mais as vendas de motos, em virtude do aumento no número de desemprego em todo país. Desta forma notou-se o crescimento no número desses trabalhadores informais ante a crescente demanda dos serviços de entregas de encomendas e transporte de passageiros em Belém.

Mas, além disso, a qualidade do transporte público também tem influenciado na decisão de muitos em adquirir uma motocicleta, já que a agilidade desse veículo acaba sendo um diferencial. “Muitos não querem mais passar horas dentro do ônibus para chegar em casa. Sem contar que a moto acaba sendo mais ágil em um trânsito cada vez mais caótico”, explica Rafael Cristo, especialista em trânsito.

Nesse caso, as motocicletas contribuem também para o crescimento da frota geral de veículos, incluindo carros, motos, caminhões e outros automotores, que aumentaram de 354 mil para cerca de 516 mil unidades nos últimos dez anos, demanda que justifica os engarrafamentos longos nos horários de saída e retorno do trabalho.

Para isso, o especialista destaca a necessidade de um planejamento adequado para lidar com o aumento de veículos nas ruas e garantir a segurança de todos. “Medidas como investimento em transporte público de qualidade, ampliação de vias e campanhas de conscientização sobre segurança podem mudar esse quadro e minimizar os impactos com o incentivo do uso do ônibus”, completa Cristo.

Motocicletas já representam boa parte da frota de veículos nas ruas todos os dias
FOTOs: Ricardo Amanajás

RENDA

Geyson Gomes, 29, comprou uma moto como forma de gerar uma renda extra para ajudar no sustento da casa. “Trabalho transportando passageiros e tive oportunidade de fazer isso de carro, pois tive um. No entanto, analisei o custo de combustível, mais a manutenção, cheguei à conclusão que não compensa usar o carro e por isso comprei a motocicleta, pois gasto bem menos”, frisa.

O autônomo informou que, dependendo do dia e do volume de corridas, gasta em média R$ 30 a R$ 50 reais por dia com o veículo. “Esse valor fica dentro do orçamento e sobra para cumprir com outras responsabilidades. Fico imaginando que se fosse em quatro rodas, o consumo ia ser o dobro, ou até mesmo o triplo, então não me arrependo de ter feito essa troca, mesmo abrindo mão do conforto”, reitera Geyson.

Já o Celso Rocha, 36, comprou especificamente para trabalhar como entregador. “Vou confessar uma coisa, antes eu tinha um sonho de comprar um carro, mas hoje prefiro a moto que eu comprei. Quando eu preciso de um carro, vou lá e alugo, pois acho que assim economizo mais. Com a atual conjuntura do país, só quem tem condições de fato consegue manter um veículo mais caro”, explica.

Em média, o preço praticado nos postos de Belém é de R$ 5,35 o litro da gasolina. Com os valores atuais, o percurso realizado pelo Celso gera um custo médio de R$40,16 em cima das duas rodas. Ao analisar a autonomia de um carro, que faz em torno de 12 quilômetros com um litro, essa economia com a moto, dependendo do modelo, pode chegar a 75%, já que faz 45 quilômetros com um litro.

“Eu estou pensando em comprar um carro para minha família, mas toda vez que eu penso no trânsito de Belém, me dá uma tristeza muito grande. Como dizem os meus amigos, a gente gasta mais dinheiro no engarrafamento. Mas como todo brasileiro, quem sabe um dia eu compre um apenas para passear, pois a moto continua sendo a minha principal escolha”, conclui o autônomo Tomeson Roberto, 41.