Grande Belém

Chuva volta a causar transtornos em Belém. VEJA FOTOS

Chuva volta a causar transtornos em Belém. VEJA FOTOS

DIEGO MONTEIRO

Durante a tarde e noite de ontem (28), foram cinco horas de temporal, o que deixou diversos bairros da capital paraense com problemas de alagamentos e trânsito lento. Em alguns locais, a água chegou a invadir residências, lojas e empresas.

Um dos pontos mais críticos foi na avenida Conselheiro Furtado, entre as travessas Teófilo Conduru e Guerra Passos, no bairro de Batista Campos. Por lá, o nível da água ficou tão alto que obrigou motoristas e motociclistas a desistirem de seguir viagem e optarem por retornar na contramão.

Quem mora nesse perímetro, como é o caso da aposentada Odaiza Cavalcante, 70 anos, sabe que toda vez que o tempo fica fechado a dor de cabeça é a mesma. “Tive que levantar o piso do pátio aqui de casa para evitar o avanço da água, mas esse é apenas um dos problemas, pois se eu quiser receber visitas ou até mesmo sair de casa, sou obrigada a meter o pé na água suja, infelizmente”, lamentou a aposentada.

Odaiza lembrou ainda que esse problema existe há sete décadas e nunca foi resolvido. “Praticamente eu nasci dentro da água”, brincou. “Desde de muito pequena é esse transtorno. Por um tempo tive a experiência que tudo isso mudaria, mas nada aconteceu”.

No mesmo ponto, a universitária Viviam Soares, 22, precisou tirar o tênis para enfrentar o alagamento. “Infelizmente é o risco que a gente corre, ou de cortar o pé, ou de ficar doente. Mas como eu preciso chegar em casa não tem como evitar. Todos que moram por aqui enfrentam o mesmo dilema de anos, mas não tem outro jeito, colocamos nossa saúde e vida em risco constantemente”, disse.

OUTROS

Situação parecida ocorreu em outros pontos da cidade, como na rua dos Pariquis com a travessa Quintino Bocaiúva, na Cremação. Alagamento registrado também na travessa Quintino Bocaiúva com a rua Municipalidade, no Reduto; por toda a extensão da Tamandaré, bairro Batista Campos; na travessa Três de Maio com a rua Domingos Marreiros, Fátima; entre outros.

 Mas não são apenas as vias principais da cidade que sofrem com as fortes chuvas, pois na passagem Napoleão Laureano, próximo a Guerra Passos, no Guamá, moradores e lojistas montaram estratégias para barrar o avanço das águas. É comum encontrar residências com barreiras construídas nas portas, elevação de calçadas e móveis, como sofá, geladeira, cama, entre outros, suspensos por tijolos.

Impedida de sair de casa, Joana da Silva, 57, conversou com a equipe do DIÁRIO pela janela do imóvel onde mora. “A situação é essa… ficamos reféns de nós mesmos. Nesse perímetro tem cadeirantes, pessoas idosas e que por questões de saúde precisam de uma atenção especial. Eu duvido que uma ambulância consiga entrar aqui para fazer um atendimento agora”, afirmou a doméstica.

Dona Joana chamou atenção para os buracos que, em maioria, são fundos e já causaram quedas de pedestres e motociclistas no local. “Quem consegue passar, a água atinge mais da metade da moto. Quem não conhece a região e não está acostumado, certamente vai cair, pois eu já presenciei muitas quedas na frente de casa. Até quando vamos viver isso?”, questionou.

O autônomo Ivan Roberto, 52, estava de passagem, mas ficou preso após a água subir. “Eu não moro aqui. Vim apenas pegar a minha bicicleta. Quando entrei na oficina veio a chuva e na hora que eu ia embora, não dava mais. Apesar de viver em outra região, eu vejo o quanto essa situação é prejudicial para essas pessoas, e olha que eles já cobraram e muito uma resposta das autoridades e nada”, concluiu.

Devido às consequências das chuvas, várias vias de Belém ficaram com o trânsito congestionado e, em alguns pontos, parado. Na avenida João Paulo II com a travessa Angustura, no bairro do Marco, foi uma delas. Muitos usaram a ciclovia para passar pelo local.

Já quem usa a moto como transporte precisou de equilíbrio para transitar pelas avenidas Bernardo Sayão e José Bonifácio. Trânsito ficou intenso nas avenidas Governador José Malcher, Nazaré, Visconde de Souza Franco e Gentil Bittencourt, principais rotas que dão acesso ao centro de Belém. Situação que se repetiu por toda a extensão da Almirante Barroso e João Paulo II. Houve registro também de engarrafamento entre as avenidas Augusto Montenegro & Centenário, no Parque Verde.

Fotos: Wagner Santana / Diário do Pará