A operação Linha D’água é uma frente de serviço operacional diferenciada: realizada no período do inverno amazônico, entre os meses de março e abril, na ilha de Mosqueiro, quando as marés altas alcançam quase quatro metros de altura, de acordo com a Tábua de Marés da Defesa Civil de Belém.
A frente de serviço é realizada pela Prefeitura de Belém, por meio do Departamento de Operações da Agência Distrital de Mosqueiro (Admos), com equipe reforçada de homens e máquinas.
Este ano, até um trator agrícola de tração está sendo utilizado para agilizar os serviços nas areias das praias da bucólica. Outras operações de coleta de entulho, roçagem e varrição estão sendo realizadas na ilha para evitar alagamentos e surgimento de fontes de vetores transmissores da dengue, malária e febre chikungunya.
Inverno
Segundo o diretor de Operações da Admos, João Albernaz, a operação não tem data para se encerrar. “Na verdade, vamos dar continuidade a esse trabalho tão importante para livrar Mosqueiro de problemas causados pelo rigor do inverno amazônico, como aumento de casos de doenças provocadas pelos mosquitos”, explicou.
O planejamento é realizar até junho, mês dedicado às políticas de proteção ambiental, várias frentes de educação envolvendo os agentes comunitários de educação ambiental que foram formados pela agência distrital no início desse ano. A missão é identificar as áreas de descarte irregular de lixo e sinalizar a proibição da prática do descarte.
João Albernaz explicou que a ação visa deixar as praias limpas dos galhos, troncos, raízes e folhagens trazidas pelas altas marés para as praias. O trabalho se concentra nas primeiras horas do dia. Na manhã desta segunda-feira, 13, a operação atuou nas praias do Chapéu Virado e do Farol, no centro de Mosqueiro. A chuva interrompeu várias vezes os serviços, mas os agentes de limpeza urbana disseram que já estão acostumados com a visita das águas.
Andiroba
Entre as folhagens, troncos e raízes, o lixo trazido pelas marés altas também traz sementes de andiroba, de onde é retirado o óleo largamente utilizado na linha de produtos naturais no processo de desinflamação. O aposentado Paulo Eduardo Oliveira, que mora no bairro do Tapanã, em Belém, aproveitou o momento para catar as sementes e levá-las para casa, onde, segundo ele, tem uma fabriqueta de processo do óleo.
“A andiroba é um excelente remédio e essa aqui é da pura, trazida pela maré, coisa linda que a natureza de Mosqueiro nos dá”, disse o aposentado, que estava com a família aproveitando a praia. “Mosqueiro é sempre bonita com chuva ou com sol”, disse Natália Oliveira, esposa de Paulo.
Combate ao descarte irregular de lixo
O saldo do conjunto de operações para manter Mosqueiro livre do lixo e das doenças impressiona a coordenação dos trabalhos. De acordo com João Albernaz, que é mestre em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Pará (UFPA), são recolhidos 216 metros cúbicos de entulhos, diariamente, das ruas do distrito. Esses valores equivalem a 216 caixas d’águas de mil litros cada uma, ou seja, algo comparado a quase duas toneladas de sujeira depositada em áreas diversas da ilha. Os bairros de maior concentração de sujeira são os mais populosos, como a Vila, Maracajá, Murubira, Farol e Carananduba.
Para o diretor, não existe uma fórmula pronta para enfrentar o hábito irregular de alguns moradores em jogarem lixo na rua. “Por isso, a necessidade de trabalharmos a educação como ferramenta para alcançar essa mudança de hábito”, ensinou Albernaz.
Fonte: Agência Belém