Evento, que celebra a potência da culinária da Amazônia, o Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense encerrou neste domingo, 14, no estacionamento do Shopping Bosque Grão-Pará com música, sabores e renomados chefs da gastronomia regional e nacional. No palco, teve festa do Arraial do Pavulagem e da Orquestra Aerofônica. E no cardápio, o público contou com comidas exclusivas, lançamento de livro e espaço infantil.
A 15ª edição do Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, que tem como principal objetivo a valorização da cultura alimentar e o fortalecimento da economia criativa do Pará, reuniu dez restaurantes que apresentaram pratos exclusivos para o evento. A próxima etapa do festival será na Praça Batista Campos, das 12h às 20h, no final de semana que vem com mais comida, diversão e atrações, incluindo 12 chefs, drinks e atrações culturais, com entrada gratuita.
Dentre os destaques das aulas-shows, o chef paraense Saulo Jennings, que já cozinhou para líderes de diversas nações, incluindo o Brasil, ressaltou a importância do evento que celebra o potencial da cultura alimentar. “O festival, nesse porte, dentro do Pará e trazendo chefs do Brasil todo, e a gente poder ter essa troca de conhecimento, é fantástico. É a oportunidade de trocarmos técnicas, combinar nossos ingredientes e movimentar o público. Hoje a nossa culinária está entre as melhores do mundo, alcançando novo patamar, com destaque internacional”.
Reconhecido por sua trajetória e experiência, Saulo Jennings apresentou o Risoto Santarém, que combina ingredientes regionais com técnicas da culinária italiana, mostrando que é possível criar pratos sofisticados com ingredientes locais. “Me sinto orgulhoso e até emocionado ao falar para o meu próprio povo sobre como estamos tratando os ingredientes regionais lá fora, que é a minha missão: fazer com que a nossa culinária esteja em qualquer canto do mundo. O Risoto Santarém é feito com feijão de Santarém, bacon de pirarucu e as nossas ervas”, descreveu.
BALANÇO
Esta edição do festival foi um sucesso em público, vendas e criação de pratos, com um balanço bastante positivo. É o que afirmou a organizadora do Festival da Cozinha Paraense, Joanna Martins, que é pesquisadora em cultura alimentar e filha do chef Paulo Martins, que idealizou o evento.
As irmãs Joanna e Daniela Martins dão continuidade ao legado do pai na divulgação da cozinha paraense. Joanna Martins é sócia-fundadora na Manioca e diretora do Instituto Paulo Martins, que é dedicado ao alimento amazônico. A chef de cozinha Daniela Martins comanda o “É pra Levar”, empresa de comida congelada e o Lá em Casa Eventos. “O nosso propósito é valorizar a cultura alimentar e fomentar a valorização das nossas comidas, tanto as tradicionais, como também incentivar a inovação, porque como cultura, ela é viva, e quanto mais a gente renová-la mais ela vai permanecer ativa no mercado”, disse Joanna Martins, ressaltando que o festival estimulou chefs a levarem criações exclusivas para o cardápio de seus estabelecimentos.
A organizadora do evento destacou o lançamento da biografia de Paulo Martins intitulada “Memórias de um filho do fogão”, assinado pela jornalista Lorena Filgueiras, que retrata a vida do criador do Festival Ver-o-Peso da Cozinha Paraense, o chef Paulo Martins. O livro estará disponível para vendas a partir do dia 15, na Amazon e livrarias locais. “A gente acredita que é muito importante registrar a história do meu pai, para que as pessoas reconheçam que foi ele quem começou tudo isso. Foi um processo de nove anos de pesquisa da autora Lorena Filgueiras, tanto em bibliotecas, quanto com entrevistas com pessoas que conviveram com ele, além de jornais”, acrescentou Joanna Martins.
Criador do arroz paraense, um dos pratos mais populares do estado, entre tantos outros, Paulo Martins, foi o primeiro chef paraense a levar a culinária e os ingredientes paraenses para fora do Pará, recebeu a alcunha de “arquiteto da nova cozinha paraense” do jornalista e publicitário Fernando Jares.
No Círio, o gerente de operações Andrew Matos, 34, já planeja apresentar algumas criações que aprendeu no festival para sua família e amigos. “O festival é fundamental para apresentar a nossa riqueza e levar a nossa gastronomia para outro patamar e mostrar o que a gente tem de melhor aqui. Eu gosto de cozinhar e vi algumas coisas aqui para fazer em casa, como uma leitura de baião de dois, que em vez do feijão da colônia, o chef usou o feijão manteiguinha de Santarém e usou o camarão ao invés de usar os defumados. Eu achei uma ideia bem bacana para fazer em casa, além das técnicas que aprendi nas aulas-shows. Faço tudo no amadorismo, mas é feito com o coração. No Círio, não vai ser só maniçoba e pato no tucupi, mas terão outras surpresas, contou o visitante”.