Chefs internacionais estiveram em Belém, para cozinhar junto com os profissionais
locais e partilhar técnicas e descobertas sobre os ingredientes amazônicos
“É um sonho que está se realizando!”; “Foi uma emoção enorme visitar a comunidade e
ver, de perto, as maravilhas elaboradas por nossos pequenos produtores”; “A gente está
aprendendo e também ensinando, é uma troca muito rica”. Este foi o tom dos
depoimentos dos participantes, ao final das atividades do 1º Laboratório Culinário, que
faz parte do Projeto Intercâmbio Amazônia. O entusiasmo e a emoção tomaram conta
dos profissionais locais que, pela primeira vez, tiveram a chance de compartilhar
experiências com chefs de outros países. É mais uma oportunidade que chega aos
paraenses devido à alta visibilidade que a capital vem atraindo, por conta da conferência
climática da ONU.
“Num primeiro momento, pensamos em promover um jantar de gala
durante a COP30, mas o projeto foi se ampliando e resultou na criação dos laboratórios
culinários, que estão proporcionando uma troca saberes que vai ficar como legado para
todos os profissionais participantes do projeto, tanto os locais quanto os chefs
convidados de outros países. É um conhecimento que ficará mesmo depois que os
eventos da COP se encerrem”, pontua Joanna Martins, diretora do Instituto Paulo
Martins, ressaltando que além da capacitação de profissionais locais, o projeto vai
impactar toda a cadeia produtiva da gastronomia no Estado, com foco na valorização
dos alimentos amazônicos.
A iniciativa, inédita no Pará, reúne entidades engajadas no incentivo à gastronomia
regional como vetor de desenvolvimento local e fortalecimento de relações globais mais
justas e sustentáveis. O Projeto Intercâmbio Amazônia Brasil – Dinamarca foi idealizado
pela Embaixada da Dinamarca, pelo coletivo dinamarquês Melting Pot e pelo Ministério
de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), está sendo executado pelo
Instituto Paulo Martins, em parceria com os chefs Paulo Anijar e Simon Lau, e é
financiado pela Agência Dinamarquesa de Desenvolvimento Internacional.
LABORATÓRIOS
São três Laboratórios Culinários presenciais. O primeiro se encerrou na última quinta-
feira, 31; e os demais ocorrerão em agosto e setembro, cada um com um tema culinário
diferente e a participação de chefs internacionais, além dos 20 profissionais locais de
gastronomia, escolhidos por meio de um concorrido processo de seleção, que atraiu
quase 200 inscritos.
O primeiro laboratório, que teve a mandioca como tema, começou na segunda-feira, 28.
Nas instalações do Cesupa, os profissionais locais mostraram todo o seu conhecimento e
criatividade na elaboração de receitas inusitadas, utilizando exclusivamente ingredientes
amazônicos. A atividade contou com a presença dos chefs convidados Kenzo Hirose, do
Restaurante Gustu, da Bolívia – integrante da lista dos 50 melhores restaurantes da
América Latina –; e Bertil Tøttenborg, da Dinamarca. Com experiências vindas de
diferentes territórios e culturas, eles trocaram conhecimentos com o grupo paraense,
valorizando a mandioca em preparos ancestrais e contemporâneos.
Na terça-feira, a programação incluiu um dia de imersão, onde os participantes
vivenciaram o cotidiano da comunidade quilombola Espírito Santo do Itá, em Santa
Izabel do Pará, valorizando o conhecimento local e o protagonismo comunitário. Na
comunidade, a comitiva do Intercâmbio visitou o Museu da Mandioca e a casa de
farinha, com trocas de saberes e histórias, e encerrou com um delicioso almoço regional,
preparado pelas cozinheiras da comunidade.
No penúltimo dia, os chefs convidados, Kenzo Hirose, Simon Lau (Dinamarca) e Bertil
Tøttenborg botaram a mão na massa, compartilhando técnicas, experiências e visões de
mundo com os profissionais paraenses, tornando o objetivo do projeto uma realidade
concreta.
O primeiro Laboratório Culinário se encerrou na quinta-feira, 31, onde foram
apresentados os resultados e impressões da primeira etapa do projeto. Os relatos
positivos de todos os participantes, locais e convidados, comprovam que a região tem
um potencial culinário incrível e o Intercâmbio Amazônia pode contribuir para abrir
novos caminhos aos profissionais e produtores locais, à valorização dos ingredientes
amazônicos e à preservação da floresta.
Texto: Emiliana Costa
Fotos: @amanamidiaa / @lorenafadul