CICLO VIRTUOSO

Açaí: símbolo amazônico impulsiona economia sustentável no Pará

O açaí, fruto ancestral da Amazônia, transformou-se em um dos pilares culturais, sociais e econômicos do Pará.

Açaí: símbolo amazônico impulsiona economia sustentável no Pará Açaí: símbolo amazônico impulsiona economia sustentável no Pará Açaí: símbolo amazônico impulsiona economia sustentável no Pará Açaí: símbolo amazônico impulsiona economia sustentável no Pará
Fruto sagrado amazônico, açaí alimenta, gera renda e move a sociobioeconomia
Fruto sagrado amazônico, açaí alimenta, gera renda e move a sociobioeconomia. Foto: Divulgação

O açaí, fruto ancestral da Amazônia, transformou-se em um dos pilares culturais, sociais e econômicos do Pará. Presente diariamente na mesa dos paraenses, o alimento vai além do consumo tradicional: hoje, é motor do desenvolvimento regional e sustento de milhares de famílias ribeirinhas.

Originária do tupi ïwasa’i — “fruto que chora” — a palavra faz referência ao suco roxo liberado na preparação da polpa, rico em antocianinas. O açaizeiro cresce, em sua maioria, nas várzeas amazônicas, onde os solos alagados favorecem seu desenvolvimento. Com até 30 metros de altura, ele é essencial à biodiversidade local.

Em 2024, o Pará respondeu por mais de 90% da produção nacional de açaí, com 1,9 milhão de toneladas — um salto de mais de 1.200% em relação a 1987, segundo a Fapespa. As exportações também cresceram: chegaram a US$ 95,2 milhões, alta de 66,8% em relação ao ano anterior. Os Estados Unidos lideraram a lista de compradores, seguidos por Austrália, Japão e Holanda. Os principais produtos exportados incluem sucos, frutas processadas, sorvetes e, principalmente, o purê de açaí.

O estado não só lidera a produção, como também as exportações, com quase 60% da participação nacional. Em 2025, os números continuaram positivos: no primeiro trimestre, o Pará exportou US$ 31,4 milhões, totalizando 8,4 mil toneladas — crescimento de 23,5% em relação ao mesmo período de 2024.

O relatório do Centro Internacional de Negócios da FIEPA ressalta que o sucesso do açaí é reflexo de um novo modelo de desenvolvimento baseado em sustentabilidade e valor agregado. A diversidade dos mercados compradores reforça o papel do fruto como símbolo da bioeconomia e da inovação amazônica.

Produção e Economia do Açaí no Pará

Igarapé-Miri, no nordeste paraense, lidera a produção, com 422,7 mil toneladas em 2024 — 21,7% do total estadual. A cidade, que movimentou mais de R$ 1,5 bilhão, ostenta o título de “Capital Mundial do Açaí”. Cametá e Abaetetuba também se destacam como importantes polos produtivos.

Frutalí: manejo sustentável com alcance global

Entre os destaques do setor está a Frutalí, fundada por Denise Acosta, engenheira agrônoma que cresceu envolvida com o “açaí grosso”, tradição familiar. Desde 1999, a empresa atua com extrativismo sustentável na Ilha do Marajó, onde mantém práticas aprovadas pela Embrapa.

Denise Acosta: a empreendedora que transforma açaí em desenvolvimento
Denise Acosta: a empreendedora que transforma açaí em desenvolvimento

A colheita é manual, feita por comunidades ribeirinhas, respeitando a floresta e promovendo inclusão social. A Frutalí oferece capacitação, apoia a educação local e valoriza o conhecimento tradicional. O resultado é um modelo que alia sustentabilidade, qualidade de vida e respeito à biodiversidade.

Exportando para os EUA e outros países, a empresa busca certificações ambientais e sociais, reforçando seu compromisso com práticas sustentáveis. “Nosso objetivo é garantir que toda a cadeia produtiva esteja alinhada ao desenvolvimento sustentável”, afirma Denise.

Desafios e oportunidades do setor

Presidente do Sindfrutas, Denise destaca que o açaí paraense já é referência em rastreabilidade e qualidade. O desafio agora é integrar produtores, indústria e governo para consolidar práticas sustentáveis e fortalecer a posição do produto no mercado global.

Com a aproximação da COP 30, o setor vislumbra oportunidades para promover o açaí como exemplo de sustentabilidade e aumentar sua visibilidade internacional.

Oportunidades e o Futuro do Açaí

Alex Carvalho, presidente da FIEPA e da Jornada COP+, reforça que a industrialização é fundamental. “Precisamos deixar de ser apenas exportadores de matéria-prima. O açaí é um case de transformação econômica que pode gerar empregos, tributos e desenvolvimento com a floresta em pé.”

Para Carvalho, políticas públicas voltadas à cadeia produtiva — como acesso a tecnologias, regularização fundiária e incentivos à industrialização — são essenciais para consolidar esse ciclo virtuoso. “O açaí tem tudo para se tornar um símbolo do novo modelo de desenvolvimento da Amazônia”, conclui.