A assembleia geral do Sindicato dos Rodoviários de Belém (Sintrebel) aceitou a proposta de reajuste oferecida pelos empresários do setor de transporte público de Belém e Região Metropolitana, e não haverá greve da categoria neste ano. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) ofereceu uma reposição de acordo com a inflação geral do período, a ser computada pela data-base da categoria, que é neste mês de maio.
Isso deve representar um aumento salarial de 5,5% para motoristas e cobradores dos coletivos comuns. Para os motoristas dos novos ônibus com ar-condicionado — chamados de “Geladão” — foi oferecida pelos patrões a reposição inflacionária mais 17% de aumento nos vencimentos, o que deve totalizar aproximadamente 22,5% de reajuste. Esses profissionais, agora, com a retirada dos cobradores dos novos coletivos, precisam dirigir, liberar a catraca e passar o troco durante as viagens.
A assembleia geral dos trabalhadores rodoviários foi conduzida pelo presidente do sindicato da categoria, Altair Brandão, que esteve reunido anteriormente com os representantes patronais — ocasião em que apresentou a proposta posteriormente aprovada. “Não foi o que a gente queria, mas foram contempladas várias reivindicações nossas. E a nossa assembleia aceitou. Por isso, foi decidido que amanhã (hoje, 7 de maio) os ônibus vão rodar normalmente”, disse Brandão.
Impacto da Automação nos Rodoviários
Durante o evento, o presidente do Sintrebel ressaltou que a entidade está oferecendo diversas capacitações aos cobradores, diante do fim iminente dessa função. Segundo Brandão, por enquanto, foi combinado com o patronal que as demissões de cobradores estão suspensas. “Há 11 anos, criamos um centro de formação que fica lá na travessa Vileta. E esse centro já qualificou milhares de pessoas. Desde então, a gente vem avisando que um dia a função de cobrador ia sumir. E oferecemos vários cursos profissionalizantes. Só que a categoria não deu muita importância. Agora chegou o momento daquilo que a gente falava há 11 anos”, afirma.
Além dos cursos, como o de manutenção de motos e ar-condicionado, foi firmada uma parceria com o Governo do Estado, que vai oferecer 300 carteiras de habilitação (ou mudança de categoria) para cobradores filiados ao sindicato. “Nós estamos dando a opção. O governador, queria até agradecê-lo, ofereceu 300 CNHs ‘Pai D’Égua’. Com isso, a gente vai pegar os cobradores aqui, por exemplo: quem não tem carteira B, vai tirar a B; quem já tem a B há mais de dois anos, vai trocar para a D. Isso dá a chance de os patrões recontratarem os cobradores como motoristas”, ressalta o presidente.
Reações e Perspectivas dos Trabalhadores
Após a assembleia geral, com o anúncio da oferta das CNHs gratuitas aos cobradores, formou-se uma fila para cadastro dos interessados. Exercendo essa função há dez anos, Paulo André Oliveira, 39 anos, correu para não desperdiçar a chance de garantir uma nova profissão. “Foi algo inesperado pra gente. Conseguimos algo que já estávamos esperando há muito tempo. Depois dessa resolução que teve, desse projeto que ele colocou pra nós, do cobrador pra passar pra motora, é um ganho, é uma vitória”, comemora.
O cobrador Luiz Miranda, 56 anos, já possui CNH na categoria B e vai trocar o documento para a categoria D, com o objetivo de se tornar motorista de coletivo. “É uma oportunidade de vida melhor. O problema todo nosso não é perder o emprego. A gente tem que rezar para Deus, ter nossa saúde. O problema é que a gente tem que estar no mercado de trabalho. Ou num ônibus, ou num caminhão, ou numa categoria que a gente possa levar a vida”, pontua.