Há 17 anos o Cordão do Galo acontece em Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó. O folguedo popular fomenta saberes locais, valorizando a cultura popular como instrumento de transformação social. Assim, o projeto é voltado para o público infantojuvenil. Ele está promovendo oficinas e vivências de cultura, economia e sustentabilidade naquele município desde o último dia 06 até o próximo dia 12. O projeto faz parte das ações de salvaguarda da Festividade do Glorioso São Sebastião, considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Por isso o período de realização em janeiro, em paralelo à festividade.
O projeto é realizado pelo Instituto Arraial do Pavulagem, junto com Ministério da Cultura e Governo Federal. “Na sua concepção, o projeto adota a mesma tecnologia do fazer dos arrastões de Belém. Ou seja, temos um ciclo de formação de brincantes, que iniciou na segunda-feira e segue até sexta. São oficinas de dança, percussão, pernas de pau, canto popular, educação, sustentabilidade e restauro do galo”, falou Júnior Soares, músico e cofundador do Arraial do Pavulagem.
Este ano, o projeto incluiu na programação a oficina de Design Sustentável. Jeans antigos foram transformados em mochilas pelas mães dos brincantes, a partir dela. “Outra atividade nova é a capacitação de músicos jovens da banda local ‘João Viana’, feita com um músico da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz”, destacou Júnior.
Cortejo cultural conduzido pelo “Galo” sairá às ruas no domingo
A programação culmina no dia 12, quando será realizado o cortejo conduzido pelo “Galo”. O brinquedo vai às ruas e será recebido com um show histórico. A Orquestra João Viana (com integrantes de edições antigas do Cordão do Galo) recebe os mestres Ronaldo Silva e Júnior Soares, do Arraial do Pavulagem, na chegada. As gerações se conectam e celebram, assim, a cultura marajoara. A concentração acontece a partir das 8h, na frente do Museu do Marajó, com todos os participantes das atividades. A saída está prevista para às 9h.
“A perspectiva é de ‘arrastar’ culturalmente as pessoas até a praça da igreja da Conceição. Depois, há a realização do ato de encerramento no Salão Paroquial, com o canto das crianças e apresentação da Orquestra João Viana, que recebe as participações de cantores locais”, falou Júnior.
Projeto arrecadou mais de uma tonelada de alimentos
O Instituto leva atividades pautadas em saberes regionais e ancestrais, desenvolvidas com o público infantojuvenil. Além disso, leva doações de Belém ao Marajó, destinadas às famílias dos participantes. Houve recorde de arrecadação este ano: mais de uma tonelada em cestas básicas, materiais escolares, de higiene e outros itens.
“O público-alvo das atividades de formação são as crianças e os jovens. Mas, ampliamos nossa ação para alcançar as famílias também. Por isso fizemos essa capacitação das mães. Além disso, fizemos uma grande campanha de doação de alimentos, de materiais escolares e de higiene pessoal e de roupas. Uma espécie de brechó é feito com este último item. A moeda social que circula para aquisição é o ‘galo’. Doamos uma quantidade de ‘galos’ para as famílias e elas adquirem as peças no brechó”, contou Júnior.
Cordão do Galo está entre os selecionados no Rouanet Norte
O Cordão do Galo 2025 foi selecionado no Programa Rouanet Norte e conta com patrocínio do Banco da Amazônia. A ação também conta com a participação do Banco do Brasil, Caixa e Correios. Ainda tem apoios da Associação Musical João Viana, Irmandade dos Devotos do Glorioso São Sebastião, Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Prefeitura de Cachoeira do Arari, Museu do Marajó e Point do Açaí.
O nome do Cordão do Galo tem inspiração no padre Giovanni Gallo, criador do Museu do Marajó, que deixou um legado incrível sobre história e cultura da região. “O Cordão surgiu em 2008, inspirado pelo mestre Ronaldo Silva. A família dele é oriunda de Cachoeira e é cantada em verso e prosa nas nossas canções. O foco sempre foi nas crianças e jovens, na expectativa de deixar um legado de vida para o futuro deles. É mostrar que a cultura pode ser transformadora na vida deles”, pontuou Júnior.